Por Israel Leães Fontoura da Silva
O Testemunho dos Tempos Proféticos de Deus
Todos os elementos escritos pelo Espírito Santo, por intermédio dos profetas, trazem para nós uma bagagem importantíssima para a compreensão dos acontecimentos proféticos e também para que, por meio de suas palavras, tenhamos pistas de qual momento profético e histórico estamos vivendo. Jesus não nos disse o dia exato em que sua vinda ocorreria; no entanto, deixou palavras certeiras sobre as coisas que ocorrerão e exemplos simples, como colheitas, pescarias ou mesmo a vida prática, para ensinar em parábolas sobre o estabelecimento e o curso que levaria ao estabelecimento do Reino de Deus. Portanto, podemos dizer que tudo o que Deus faz na natureza e na beleza e tudo o que é empreendido na confecção de todas as coisas são parábolas diárias e testemunhos de Deus para a humanidade. Para compreendermos isso, temos as palavras do apóstolo que diz:
Epístola de Paulo aos Romanos 1:19-20: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;"
Todas as coisas falam de Deus, testemunham sua existência e também seu eterno poder e sabedoria, mas os ímpios e incrédulos negam isso para sua própria ruína, pois ignoram todas estas coisas e acham que tudo é obra do acaso. Compreendendo o testemunho de si mesmo que Deus deu nas coisas que foram criadas, ficará manifesto não somente o seu caráter de Criador, mas também sua divindade e poder, e assim temos um testemunho pleno da vontade de Deus e de que ele está acima de todas as coisas.
Em toda a Sua palavra, Deus deu testemunho daquilo que tinha em mente para a compreensão dos Seus tempos proféticos, que no grego teremos por palavra "kairos"; no hebraico, porém, a palavra equivalente é "moed", que significam tempos determinados. O tempo cronológico do homem é diferente do tempo de Deus, pois este olha por gerações e também por épocas. Deus vê todas as coisas, o homem, no entanto, vê somente aquilo que está diante dos seus olhos. Portanto, quando Deus dá testemunho das épocas e estações, o faz para mostrar para gerações passadas e para gerações futuras, não para a exclusividade de apenas um indivíduo, mas para testificar por meio das coisas passadas, as coisas que serão e também as coisas que são.
Isaías 42:8-9; 47:7-8
"Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir. (...) Quem há, como eu, feito predições desde que estabeleci o mais antigo povo? Que o declare e o exponha perante mim! Que esse anuncie as coisas futuras, as coisas que hão de vir! Não vos assombreis, nem temais; acaso, desde aquele tempo não vo-lo fiz ouvir, não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça."
Deus fez predições desde o início da humanidade sobre o fim, de tal forma que, se observarmos os primeiros dias da criação, teremos um molde perfeito de tudo aquilo que Ele haveria de fazer até o último dia deste século. Ele demonstrou antecipadamente tudo que faria antes de estabelecer Sua nova criação. Isto ocorrerá quando os céus e a terra se desfarem e darão lugar a novos céus e nova terra. Por meio do Espírito Santo, teremos acesso aos fundamentos do entendimento dos tempos de Deus e sobre Seu dia de descanso escreveu o escritor de Hebreus:
Hebreus 4:3-9
"Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso. Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas, de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração. Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta um repouso para o povo de Deus."
Para nós, está determinado um repouso em glória, isto é, o verdadeiro sábado de Deus, no qual entrarão todos aqueles que, pela fé, suportam a escravidão deste mundo, semelhante aos israelitas espalhados pelo Egito. No tempo determinado por Deus, quando o povo já era extremamente grande, Deus libertou-os para difundir Seu poderoso Nome entre as nações, por meio de grandes sinais, pragas e maravilhas portentosas. Contudo, eles foram desobedientes para com Deus, não creram em Sua provisão e murmuraram constantemente contra Deus e contra Seu ungido, Moisés, servo de Deus como testemunho daquele que viria, o Cristo, Filho de Deus. Este, no entanto, quando saiu do Egito fugindo de Faraó, tinha quarenta anos, e depois de estar com Jetro, passaram-se mais quarenta anos. Por último, chegou no fim de sua vida quando completaram-se mais quarenta anos, totalizando cento e vinte anos. O número cento e vinte fala da conclusão de todas as coisas, do findar de estações, épocas e do curso deste mundo, pois sobre Noé é dito:
Gênesis 6:1-5
Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade. Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;
Deus, de antemão, deu testemunho dos dias dos últimos servos fiéis que viveriam no fim, através do relato dos dias de Noé e, pela Sua infinita sabedoria, falou por meio do Seu Filho, dizendo: "Os dias da vinda do Filho do Homem serão semelhantes aos dias de Noé". Pois podemos ler no texto acima que nos dias de Noé o homem estava vivendo em total depravação e a violência se multiplicara; ora, já estamos vivendo exatamente isso. Agora, veja que neste relato Deus enfatiza: "Seus dias serão cento e vinte anos"; evidentemente, o mesmo tempo que Moisés tinha quando morreu. Deus não falou deste número sem um sentido, mas quis dar para Seus servos um testemunho do cumprimento dos tempos. Da mesma forma, depois que Cristo ascendeu aos céus, o número de discípulos reunidos dentro da casa e que receberam o Espírito Santo eram cento e vinte. Entretanto, aqui é dito: "O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos."
Quando diz que cento e vinte serão os seus dias, não está falando que os dias da vida do homem serão cento e vinte, mas que o Espírito agiria naquela geração, e depois as portas da arca se fechariam para aquela humanidade caída e pervertida.
Assim, quando Deus desfizer todas as coisas e as reconstruir em uma nova criação, o número cento e vinte também se cumprirá, porém não mais nas sombras, mas na realidade e na plenitude da vontade de Deus. Sobre isso, sobreviveu um escrito dos tempos da igreja primitiva que diz:
Epístola de Barnabé, Capítulo 15
Ainda sobre o sábado, está escrito no Decálogo que Deus o entregou pessoalmente a Moisés sobre o monte Sinai: "Santificai o sábado do Senhor com mãos puras e coração puro". Em outro lugar, ele diz: "Se meus filhos guardarem o sábado, então estenderei sobre eles a minha misericórdia". Ele menciona o sábado no princípio da criação: "Em seis dias, Deus fez as obras de suas mãos e as terminou no sétimo dia, e nele descansou e o santificou". Prestai atenção, filhos, sobre o que significa: "terminou no sétimo dia". Isso significa que o Senhor consumará o universo em seis mil anos, pois um dia para ele significa mil anos. Ele próprio o atesta, dizendo: "Eis que um dia do Senhor será como mil anos." Portanto, filhos, em "seis dias", que são seis mil anos, o universo será consumado. "E ele descansou no sétimo dia". Isso quer dizer que seu Filho, quando vier para pôr fim ao tempo do Iníquo, para julgar os ímpios e mudar o sol, a lua e as estrelas, então ele, de fato, repousará no sétimo dia. Por fim, ele diz: "Tu o santificarás com mãos puras e coração puro". Contudo, se alguém atualmente pudesse santificar, de coração puro, esse dia que Deus santificou, então nós nos teríamos enganado completamente. Porém, se este agora não é o caso, ele o santificará verdadeiramente no repouso, quando nós formos capazes disso, isto é, quando tivermos sido justificados e tivermos recebido o objeto da promessa, quando não houver mais iniquidade, e o Senhor tiver renovado tudo. Então, poderemos santificá-lo, tendo sido primeiro nós mesmos santificados.
Este testemunho é preciso do que irá ocorrer quando chegarmos ao fim, quando em seis mil anos, os seis dias de Deus, renovar-se-ão todas as coisas e será estabelecido o verdadeiro descanso para seus servos, não mais segundo as tipologias, mas segundo as realidades proféticas que se cumprirão no desenrolar dos tempos.
O Cumprimento dos Seis Mil Anos
Os números na bíblia são repletos de simbolismos e revelações da mente do Senhor e quando falamos de cento e vinte automaticamente falaremos de jubileu e seis mil anos, porque o jubileu trata do ápice do estabelecimento da graça e da justiça de Deus, pois sobre esse dia está escrito:
Levítico 25:8-10 (João Ferreira de Almeida Strong)
Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então, no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta vibrante; no Dia da Expiação, fareis passar a trombeta por toda a vossa terra. Santificareis o ano quinquagésimo e proclamareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua herança, e cada um à sua família.
Quando diz: “cada um tornará para sua herança, e cada um para sua família”, Deus está profetizando que no cumprimento do jubileu aqueles que tem a promessa da herança tomarão posse daquilo que lhes foi prometido por Deus, a herança por meio da ressurreição e sobre isso testemunham os antigos hebreus que escreveram em documento encontrado nas cavernas de Qram, nos escritos do Mar Morto intitulado O Sermão Sobre Melquisedeque e o último Jubileu:
"Falarei sobre o Ano Jubileu, que encontra-se em Levítico 25:13. Nós lemos: Neste ano jubileu, tornará cada um à sua possessão". Esta é uma parte do mandamento que se cumprirá nos últimos dias, no Período da Remissão, quando aqueles que estão em cativeiro serão libertos, conforme as palavras de Isaías: "O Senhor enviou-me para proclamar libertação aos cativos" (Isaías 61:1).
O Libertador é o Messias, que foi prefigurado por Melquisedeque, rei de Salém. Ele era um sacerdote do Deus Altíssimo e pronunciou uma bênção sobre nosso pai Abraão. Como Sumo Sacerdote, o Messias, que é nosso eterno Melquisedeque, receberá por herança o domínio sobre todas as coisas, e Abraão tomará parte nesta herança. Não somente Abraão, mas também sua descendência terá esse privilégio, quando ela se unir a Deus numa eterna aliança.
Naquele tempo, o próprio Senhor será a herança e patrimônio de Seu povo. No último jubileu, Deus restaurará Seu povo, e eles retornarão, cada um, ao seu patrimônio. A libertação referida na Lei do Jubileu deve ser entendida no sentido de remissão de suas culpas, e não haverá mais punição para aqueles que forem justificados.
Isto ocorrerá na última semana de uma série de setenta semanas de anos, envolvendo nove precedentes jubileus (Levítico 25:10). Ao chegar o Dia do Juízo do Último Jubileu, todos aqueles que se colocam do lado da justiça terão suas culpas anuladas, ao passo que os injustos e maus colherão as consequências de tudo o que semearam e encontrarão o seu fim.
Começará então o Ano do Favorável, do qual fala o profeta Isaías (61:2), que será marcado pelo Favor de Deus, pois o Rei da Justiça, Aquele que foi prefigurado por Melquisedeque, receberá o Seu domínio. Ele assentar-se-á entre as hostes santas no Céu e executará várias sentenças de julgamentos, como foi predito por Davi: "Deus assentou-se em concílio entre os seres celestes, para realizar julgamento" (Salmo 82:1).
Por meio desse julgamento, Israel será absolvido de suas culpas e retornará ao seu lugar de eminência entre os povos. Esse retorno ocorrerá em cumprimento da Lei do Jubileu. Ao mesmo tempo em que a palavra "Favor" indica o triunfo dos filhos de Deus, ela aponta também para a destruição dos ímpios. Salmos 7:9 e 10 faz referência a esse julgamento, dizendo: "Deus é o juiz dos povos. Põe fim à maldade dos ímpios e confirma o justo". Serão desarraigados todos os filhos de Belial, aqueles que desafiam os estatutos de Deus e pervertem a justiça.
O futuro Rei da Justiça, que é Melquisedeque (o Messias), executará sobre eles a justiça de Deus, estabelecendo ao mesmo tempo os justos. Acompanhado pelos exércitos celestes, ele dará fim aos intentos dos ímpios, fazendo com que os filhos de Deus fiquem em eminência.
O julgamento em questão é o mesmo Dia da Retribuição do qual fala o profeta Isaías: "Como são belos sobre os montes os pés daquele que proclama a paz (Shalom), o mensageiro que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação; que diz a Sião: O teu Deus agora é aclamado Rei" (Isaías 52:7). A palavra paz (shalom) pode também ser lida como (shillum) que significa "retribuição".
O mensageiro prometido se manifestará no Último Jubileu e proclamará sua mensagem de paz, dizendo: "O Senhor enviou-me para confortar todos os que choram" (Isaías 61:3). O conforto que ele trará consistirá numa revelação das sucessivas eras da história do mundo, desde o princípio da criação até o fim.
Naquele tempo, os filhos de Belial se aliarão com o propósito de perverter toda a justiça, mas serão confundidos pelos julgamentos de Deus. O reino de Deus em Sião será estabelecido mediante a aliança que Melquisedeque (o Rei da Justiça) fará com todos os justos, destruindo ao mesmo tempo os filhos de Belial.
O mandamento do jubileu fala também de um forte som de trombeta que repercutirá por toda a terra, no dia dez do sétimo mês (Levítico 25:9). Aplicando-se aos últimos dias, isto se refere a uma poderosa manifestação divina que sacudirá o mundo, preparando-o para a Era Messiânica."
Esta é a realidade do cumprimento do verdadeiro jubileu, pois, na realidade, a Justiça Eterna será estabelecida, e os ímpios deixarão a Terra quando Melquisedeque, o Messias, tornar em glória e levar Seu povo para o descanso eterno do verdadeiro Sábado. Para entendermos isso, devemos compreender algumas coisas e também precisamos fazer as perguntas certas, pois como pode o número cento e vinte, seis mil anos e cinquenta anos apontarem para as mesmas coisas? A resposta é entendermos que Deus fala da mesma coisa por números diferentes, mas que quando multiplicados chegarão ao resultado esperado. Veja:
Quando multiplicamos o número 120, que fala de finalizar, por 50, que é o número da justiça eterna, chegaremos aos incríveis 6000, que é o fim de todas as coisas, quando o tempo da impiedade chegará ao fim neste mundo. Portanto, este mundo terá cento e vinte jubileus para que a justiça eterna se cumpra.
Na segunda parte teremos uma apostila especial para estudarmos sobre o derramamento do Espirito Santo sobre a igreja, Deus abençoe.
Excelente estudo achei muito esclarecedor.
Gosto da simplicidade com que vc demonstra e explica a Palavra de Deus.
Que Deus te abençoe sempre e te dê cada vê mais sabedoria, entendimento, conhecimento e amor por Sua Palavra.❤️