Introdução à Casa de Deus
Muitos querem estar na Casa de Deus, mas poucos compreendem sua grandeza, que aparece de forma clara e, ao mesmo tempo, oculta nas Escrituras. Não é possível compreender corretamente a Casa de Deus sem examinar as Escrituras, pois a vontade de Deus sempre foi edificar uma casa no meio do Seu povo. Neste estudo, seremos diretos e não precisaremos apresentar diferentes pontos de vista, pois todos sabem que Deus tem uma casa, mas não compreendem exatamente o que isso significa.
Separação entre Deus e o Homem
Deus sempre quis ter uma habitação no meio do Seu povo e estar presente com ele, mas sabemos que houve uma separação entre Deus e o homem desde o princípio, testemunhada pela expulsão de Adão e Eva do paraíso, e pela presença do querubim que protegia a entrada do Éden. Sabemos que o diabo, ainda que muitos o compreendam de forma diferente, era um querubim que, por meio de suas mentiras, confundiu Eva e fez com que Adão pecasse, introduzindo o pecado no mundo e separando toda a humanidade de Deus. Se há separação, obviamente Deus não pode habitar com o homem, pois a separação demonstra tal fato.
Por meio da Lei, podemos atestar que os sacerdotes não podiam se achegar até o Santo dos Santos, exceto o Sumo Sacerdote, que transpassava o véu onde um querubim desenhado representava justamente a separação entre Deus e o homem. O Santo dos Santos era uma tipologia de Deus que estava separado de todos os homens, e assim como no caminho do Éden havia um querubim que bloqueava a passagem para a Árvore da Vida, um querubim também estava estampado na entrada do Santo dos Santos. Do mesmo modo, o diabo mediava essa separação entre Deus e o homem. Aqueles que dizem que o diabo não tem ligação alguma com o querubim parecem estar confundidos. Podemos afirmar claramente que, para que Deus habite com o homem, é necessário que essa separação seja tirada, e o homem se achegue novamente a Deus. Vamos ver o que a Escritura diz sobre isso:
Romanos 5:8-11
Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
Paulo demonstra com clareza que essa separação que existia entre Deus e o homem foi tirada por meio de Cristo. Além disso, fomos reconciliados com Deus por meio dEle e, mais uma vez, temos acesso à "Árvore da Vida" e paz com Deus. Agora, portanto, há a possibilidade da edificação desta casa, que no passado existiu apenas em sombras, mas agora é uma realidade, ainda que esteja em processo de edificação. Compreendendo esse fato apresentado pelas Escrituras, teremos pleno entendimento do significado da Casa de Deus e das coisas que ela reflete em nossas vidas.
Os Princípios da Casa de Deus
Desde o início da criação, Deus quis edificar uma casa para habitar entre os homens e permitir que o homem estivesse em comunhão perpétua com Ele. Como vimos, a queda foi um divisor de águas e causou a separação entre Deus e o homem. No entanto, sabemos que Deus sempre desejou restaurar essa comunhão e edificar a casa em Cristo. Poucos sabem, mas em Eva, Deus estava prefigurando a casa que haveria de se manifestar, pois toda a casa é edificada, como diz o texto:
Gênesis 2:18-25
Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei (Asah)uma auxiliadora que lhe seja idônea. Havendo, pois, o SENHOR Deus formado (yatsar) da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria ; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. (basar) E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, edificou-a (banah) numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.
Grande revelação neste texto, pois é sobre as coisas proféticas que haveriam de se cumprir na plenitude dos tempos e pela manifestação de Cristo, como sabemos Adão era a prefiguração daquele que haveria de vir:
(Romanos 5:14)
Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
Portanto, nele Deus testemunhou por meio de figuras as coisas que em realidades se cumpririam em Cristo, e assim como em Adão, Eva foi "edificada"; assim também em Cristo e por meio de Cristo a Igreja foi edificada no corpo de Cristo, como diz o texto acima: "E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, edificou-a numa mulher e lha trouxe". A palavra utilizada por Deus neste texto é a palavra "banah", que em hebraico significa literalmente "edificar". Mas, como sabemos, só podemos edificar coisas que têm um sentido de construção, ou seja, uma casa, uma cidade ou edifícios. No entanto, Deus utilizou-a para Eva.
Esta palavra geralmente aparecerá na escritura como um termo utilizado para a construção de um altar, uma cidade, uma casa e até mesmo em filhos, conforme Sara também diz:
"toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela" (Gênesis 16:2)
Abraão, pai de Isaque, edificou um altar a Deus: "Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR." Deus edificará uma casa para Davi: "Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu ungido para sempre." (1 Samuel 2:35)
Além disso, edificaram uma cidade: "Disse, pois, a Judá: Edifiquemos estas cidades, cerquemo-las de muros e torres, portas e ferrolhos, enquanto a terra ainda está em paz diante de nós, pois temos buscado ao SENHOR, nosso Deus; temo-lo buscado, e ele nos deu repouso de todos os lados." (2 Crônicas 14:7)
Este termo "banah" traz em si a ideia de uma edificação, seja um altar, casa, cidade e filhos. Portanto, quando Deus utiliza a expressão "banah" sobre Eva, certamente foi para mostrar que nela Deus via um altar, uma casa, uma cidade e filhos, tudo isso prefigurado nela. Além destes testemunhos, podemos perceber que Deus fez cair sobre Adão, a prefiguração de Cristo, um profundo sono, e que por meio deste sono Deus tirou uma costela e, desta costela, "edificou" uma esposa para Adão. Assim, do mesmo modo que Adão precisou dormir para que Eva fosse edificada, Cristo teve que morrer para que sua esposa, a igreja, fosse edificada.
Certamente, quando Deus tirou uma costela de Adão, houve derramamento de sangue, e a costela que foi tirada com este sangue derramado de Adão deu forma à uma mulher chamada Eva, ou seja, do hebraico "hava" (vida), portanto, por meio do sangue, deu-se origem à vida. Do mesmo modo, as costas de Cristo foram afligidas e seu sangue foi derramado sobre seu corpo, e por fim ele deu sua vida para que uma mulher fosse edificada, a sua Igreja amada, Cidade Santa, Altar de Deus, e nós somos filhos por meio dela. Assim, o sangue de Adão deu vida a Eva, e o Sangue de Cristo deu Vida a todos nós.
Mas o texto ainda diz: Deus fechou o lugar com "carne", ou seja, o local onde se havia feito uma abertura em Adão foi selado com carne, que no hebraico é "Basar", que é exatamente a mesma palavra para "boas-novas", o evangelho, isto para demonstrar que seria por meio de "basar" que haveria de se fazer parte do corpo e que por meio da carne de Cristo, isto é, "basar", que seríamos feitos participantes de Cristo.
Em alguns versos antes da queda, podemos ver toda a história da redenção, a edificação da Igreja e a expiação dos pecados antes mesmo do pecado, pois o texto diz que eles não tinham vergonha, ainda que estivessem nus, suas vergonhas não se faziam manifestas, e tanto Eva quanto Adão estavam diante da presença de Deus e da Árvore da Vida, e ali Deus "edifica" uma mulher para Adão, mas que na realidade seria um altar, uma casa e uma cidade para o próprio Deus; compreenderemos este termo futuramente.
De Abel a Noé, edificadores da Casa
A casa de Deus está implícita nos patriarcas, bem como o Sacerdócio para Deus, e pelos olhos da carne muitas vezes não percebemos, pois Deus não havia revelado plenamente até a manifestação de Cristo o que, por meio do Espírito, nos está sendo revelado.
Quando olhamos para o tabernáculo de Moisés ou ainda o Templo de Salomão, percebemos que Deus permitia apenas que nestes locais os serviços sacerdotais fossem feitos, bem como as celebrações das festas fixas de Deus. Portanto, a Casa também traz esta relação sacerdotal, e todos que oferecem sacrifício diante de Deus se fazem sacerdotes para Deus. Logo, todos os que oferecem a Deus sacrifícios, ainda que implicitamente, estão ligados à sua Casa. Tomemos como exemplo o justo Abel:
Gênesis 4:4: "Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta;"
Certamente podemos dizer que Abel, para oferecer a Deus o sacrifício, edificou diante de Deus um altar para que, por meio deste, a oferta fosse entregue. Já observamos anteriormente a expressão "banah", além de ser utilizada para edificar construções especificamente, também era utilizada para se fazer altares, e isto nos faz entender que a edificação dos altares, das casas e das cidades e todas estas arquiteturas tipificavam projetos excelentes de Deus, mas principalmente o fundamento das casas e cidades, contudo sobre os altares dirá na Lei:
Êx 20:24-25: "Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas e os teus bois; em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei. Se me levantares um altar de pedras, não o edificará (banah) de pedras lavradas; pois, se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás. "
Diante de Deus, os homens poderiam fazer altares tanto de terra quanto de pedra para oferecerem ofertas e sacrifícios a Deus, mas apenas sobre o altar de pedras vemos a expressão "banah" que nos faz uma ligação com a Casa e com Eva. Quando no tempo da Lei Deus ordenava que os sacrifícios só poderiam ser feitos no tabernáculo ou no templo, Deus estava mostrando esta relação da Casa com o Sacerdócio e sacrifícios. Portanto, ainda que Abel não tenha edificado literalmente uma Casa para Deus, no momento do Sacrifício, uma representação desta Casa estava sendo feita, e Abel, como sacerdote diante de Deus, ofereceu a Deus sacrifício e sangue que escorria pelas pedras do altar, do mesmo modo que o sangue de Cristo escorria por seu corpo. Assim, o cordeiro oferecido sobre o altar tipificava Cristo, a cabeça que estava sobre o corpo. Por isso, o altar deveria ser edificado para que sobre ele fosse colocado a oferta, do mesmo modo que sobre o corpo está a Cabeça. Compare com a oferta de Elias:
O Primeiro Livro dos Reis 18:30-32:
"Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; Elias restaurou o altar do SENHOR, que estava em ruínas. Tomou doze pedras, segundo o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu nome. Com aquelas pedras edificou o altar em nome do SENHOR; depois, fez um rego em redor do altar tão grande como para semear duas medidas de sementes." Neste caso em especifico percebemos que Elias edificou um altar com doze pedras, pois nele haveria de se fazer um sacrifício para Deus, porem estas doze pedras representavam as doze tribos de Jacó, certamente o interesse de Deus aqui era mostrar que este altar representava seu povo e que essas doze tribos formam o altar de Deus, mas não só isso como veremos mais adiante também representam a casa.
Portanto, quando Abel fez o sacrifício a Deus, primeiramente vemos a representação do Filho, o primogênito de Deus, sendo entregue como uma oferta agradável diante de Deus, sobre o altar, que, após a oferta ser imolada, recebia o sangue do Cordeiro que ali era colocado. Assim, se aquele altar tipificava o povo de Deus, as doze tribos, percebemos que, da mesma forma como Eva recebeu o sangue de Adão, o altar (representando as doze tribos) também receberia o Sangue de Cristo.
Abel estava sendo um sacerdote honrado e justo diante de Deus. Sua oferta testemunhava a Deus sua fé, e por essa fé ele agradou a Deus. Entretanto, assim como Jesus foi morto por seus irmãos por causa da inveja destes, Abel também foi morto por seu irmão Caim, que, por conta da inveja, perverteu-se. Abel prefigurou aquele que morreria por ser justo e por ter agradado a Deus, enquanto Caim se tornou um assassino.
Certamente poderíamos falar sobre os descendentes de Adão e Eva que invocaram o Nome do Senhor, mas, devido ao tempo disponível, me limitarei a mencionar Noé. Noé construiu uma Arca pela fé e obedeceu ao mandamento do Senhor, que ordenou: "
Gênesis 6:13-14
Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora.
Olhando de uma forma rápida certamente este texto não nos traz tantos detalhes proféticos e reveladores, pois pensamos ser apenas a descrição literal de uma grande arca que protegeria Noé, sua família e os animas e que aparentemente não nos acrescenta muitas coisas. Quando olhamos para a Lei, Profetas e Salmos tirando de sobre nós o véu de Moisés e olhando pelos olhos do Espírito e segundo a consciência renovada em Cristo teremos a possibilidade de enxergar as grandezas deste texto, com efeito se tornará claro como a Luz e a Glória de Cristo se manifestará na leitura.
Nos versos de Gênesis que coloquei acima percebam que eu destaquei algumas palavras em negrito e itálico para diferenciar das demais palavas do texto, no entanto ainda sim elas não são claras, pois devemos ver os significados destas palavras para ter o conhecimento em um nível mais aprofundado de revelação, vejamos: A primeira coisa que devemos notar é que temos as seguintes palavras:
"Faze uma arca (Tebah) de tábuas (ETS)" e ainda: "calafetarás (Kaphar) com betume(Kopher) por dentro (Baith)" Os significados destas palavras são reveladores para compreendermos a profundidade do oráculo aqui escrito e que nos conecta com o plano de Deus e o propósito da Edificação da Casa e dos que nela estarão. Atentemos para a expressão "arca" que no hebraico é a "tebah" que pode significar uma embarcação ou mesmo um cesto. Esta mesma palavra foi utilizada na história de Moisés que foi salvo das garras de faraó que fez um infanticídio com os filhos dos israelitas:
Êxodo 2:2-3
E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto (tebah) de junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio.
Assim como Moisés foi salvo por um cesto "tebah", Noé também foi salvo por meio de uma arca "tebah, por consequência podemos perceber que Deus quis tratar das mesmas coisas mas por ângulos diferentes. Noé foi salvo das águas por meio da arca, Moisés também foi salvo das águas por meio de uma arca e posteriormente o povo de Israel também foi salvo das águas quando Moisés abriu o mar vermelho.
A palavra hebraica "tebah" nos traz um sentido profético de salvação, servindo como uma figura tipológica da salvação que se manifestaria em Cristo. No tempo em que Noé estava construindo a arca para a salvação, ele foi chamado de "pregador da justiça", conforme diz a Escritura:
2 Pedro 2:5
"E não poupou o mundo antigo, mas preservou Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas, quando fez vir o dilúvio sobre o mundo de ímpios."
Certamente, enquanto Noé construía a arca e demonstrava sua fé, ele também pregava a justiça de Deus a todos aqueles que queriam compreender o significado daquela embarcação. Nesse sentido, podemos perceber que o tempo da pregação de Noé coincidiu com o período de construção da arca. Da mesma forma, hoje em dia, a casa de Deus está sendo edificada enquanto pregamos o evangelho, até o momento em que ela estará pronta, e todos aqueles que estiverem dentro dessa casa serão salvos dessa geração maligna e perversa, como afirmou o Messias:
Mateus 24:37-39
"Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem."
No texto citado sobre a arca de Noé, ainda temos outras palavras importantes e reveladoras para compreendermos os propósitos de Deus e as palavras dos profetas, que de antemão falaram sobre a edificação da casa de Cristo, morada de Deus que seria edificada por meio da ressurreição de Cristo. Todos os que serão participantes desta casa serão benditos na Salvação do Senhor. Portanto, atentemos para o termo que foi ditado pelo Espírito a Moisés: "Faze uma arca de tábuas (ETS)". Nesta palavra, existem correlações interessantes que Deus utiliza para revelar fatos sobre o sacrifício de Cristo.
Esta palavra significa primeiramente madeira, aparentemente nada de mais, mas quando vemos que esta palavra geralmente está ligada com aquilo que se faria o sacrifício, fica evidente que Deus queria ligá-la com a Cruz de Cristo. Pois diz: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”, e este madeiro de maldição era justamente a palavra hebraica "ets". Cristo foi crucificado nesta palavra; no entanto, Moisés e Noé foram salvos por meio dela.
Também podemos lembrar do evento onde Abraão toma seu filho Isaque e quando chegam ao Monte Moriah é dito em Gênesis 22:4-6:
"Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus servos: Esperai aqui com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós. Tomou Abraão a lenha (ets) do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos."
Abraão conduziu seu filho Isaque, o nascido da promessa, até o lugar que Deus havia determinado para o sacrifício, no monte chamado Moriah. Trataremos deste monte quando estudarmos os feitos de Davi e Salomão. Quando chegaram ao lugar designado por Deus, Abraão disse a seus servos que iria até o lugar escolhido para o sacrifício, adoraria a Deus e retornaria com seu filho. Mesmo depois de Deus ter dito: "Toma teu único filho, aquele que tu amas, e sacrifica-o no lugar que eu te mostrarei", Abraão demonstrou sua fé, crendo que mesmo que Isaque passasse pela morte, ainda assim o garoto retornaria. Nesse contexto, temos a menção do "terceiro dia", o que indica que Abraão testemunhou sua fé na ressurreição de Isaque.
Abraão pediu para seus servos esperarem com o jumento. Sabemos que Isaque estava prestes a ser sacrificado, e certamente estava sendo levado até o lugar do sacrifício por meio do jumento, da mesma forma que ocorreu com Cristo quando Ele se dirigiu a Jerusalém, o lugar onde o povo o condenaria à morte para que se cumprisse a Escritura que diz:
Zacarias 9:9: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta."
Abraão conduziu Isaque por meio de um jumento até o local onde ele iria para a morte. Da mesma forma, Deus, o Pai, conduziu Cristo montado em um jumento até o lugar onde Ele entregaria sua vida por nós, sendo crucificado no madeiro. Assim como Cristo foi sacrificado no madeiro, é dito sobre Isaque: "Abraão tomou a lenha (ets) do holocausto e a colocou sobre Isaque". Essa lenha que estava sobre Isaque era uma representação da cruz de Cristo que seria colocada sobre Ele e que Ele carregaria até ser sacrificado nela. Em outras palavras, a expressão "ets" nos lembra da cruz de Cristo, assim como nos lembra da arca de Noé. Noé foi salvo por meio de uma arca de madeira, e todos nós recebemos o sacrifício de Jesus, que foi efetuado em uma cruz. Portanto, todos os que creem na arca serão salvos, assim como todos os que creem na cruz serão salvos.
Além dessas duas expressões e palavras significativas que nos trazem a revelação dita pelo Espírito a Moisés, também temos outras palavras neste mesmo texto sobre a arca: "calafetarás (Kaphar) com betume (Kopher) por dentro (Baith)". Assim como vimos o significado de arca e madeira, as expressões calafetará, betume e por dentro trarão significados profundos. No entanto, no português, não é fácil compreender essas coisas devido ao fato de Deus ter ocultado isso no hebraico. Isso foi feito para dar testemunho por meio de uma língua bíblica e universal. Portanto, vamos olhar primeiramente para a palavra "calafetará", que em hebraico é a palavra "kaphar", que tem o significado de "cobrir". E ainda que muitos não compreendam esta palavra, ela tem o significado de expiação de pecados, como veremos no seguinte texto:
Levítico 23:26-27
Disse mais o SENHOR a Moisés:Mas, aos dez deste mês sétimo, será o Dia da Expiação (Kippur); tereis santa convocação e afligireis a vossa alma; trareis oferta queimada ao SENHOR.
Levítico 6:6-7
E por sua oferta pela culpa, trará, do rebanho, ao SENHOR um carneiro sem defeito, conforme a tua avaliação, para a oferta pela culpa; trá-lo-á ao sacerdote.E o sacerdote fará expiação (Kaphar) por ela diante do SENHOR, e será perdoada de qualquer de todas as coisas que fez, tornando-se, por isso, culpada.
Levítico 16:17
Nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer propiciação (Kaphar)no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação (Kaphar) por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.
Veja que, em todos estes textos, o termo "kaphar" ou "Kippur", que é derivado da mesma raiz, tem o significado de "expiação", que justamente aparecerá no Dia da Expiação. Portanto, quando Deus utilizou esta palavra para calafetar a arca, na realidade Ele estava mostrando que esta arca estava recebendo a expiação. Assim, como Deus utiliza a arca para mostrar os últimos dias do mundo antigo, Ele também utilizará a arca e o Dia da Expiação para mostrar os últimos dias deste atual mundo. Por isso, Cristo diz que os dias do Filho do Homem seriam semelhantes aos dias de Noé, quando a arca recebeu a expiação sobre si.
O mais importante para nós é lembrar que esta expiação estava justamente ligada ao sacrifício de Cristo. Logo, a arca falava da igreja que receberia a expiação de Deus por meio de Cristo. Devemos lembrar, então, que esta arca é uma representação da Igreja de Cristo. Assim como a igreja recebeu a expiação, também a arca recebeu. Naquela tipologia da arca, vemos que o tempo da construção dela representa justamente o tempo da edificação da casa de Deus, que é a igreja.
O dia em que Eva foi criada foi justamente o sexto dia, e percebemos que Noé entrou na arca no ano 600 de sua vida. Do mesmo modo, a completude dos tempos de Deus também se dará no ano 6000, que nos aponta para o último Jubileu. No entanto, trataremos disso na parte escatológica do canal, site e demais publicações. Deus quis mostrar que aquela arca representa a salvação, pois ali se daria a expiação de Deus, e todos os que estivessem dentro da arca seriam salvos do dilúvio. Este é o motivo pelo qual os que fazem parte da igreja serão salvos, já que a igreja receberá a expiação de Deus e não será pega pela ira de Deus, como aconteceu com aquele povo que estava no tempo de Noé.
Este recebeu a expiação por meio da arca, e do mesmo modo, a Arca da Aliança recebia o sangue da propiciação todos os anos para que o povo recebesse o perdão dos seus pecados. Assim, Noé foi salvo da ira de Deus que caiu sobre o mundo antigo, e todos nós que estivermos dentro da Igreja, isto é, a Casa de Deus, seremos salvos.
Outra palavra que nos trará revelação é a palavra "betume" (Kopher), que justamente no idioma hebraico tem um significado de libertação e remissão daqueles que eram escravos. Por meio do sangue de Cristo, fomos libertos da escravidão deste mundo.
Segundo o dicionário Hebraico: כפרkopher procedente de H3722ditat - 1025b n m 1 preco de uma vida resgate suborno 2 asfalto betume como cobertura 3 a planta da hena nome de uma planta hena 4 aldeia Observe como está mesma palavra aparecerá em outros momentos na escritura, porém terá o sentido de “resgate”:
Êxodo 21:30:
"Se lhe for exigido resgate (Kopher), dará, então, como resgate da sua vida tudo o que lhe for exigido. "
Êxodo 30:12:
"Quando fizeres recenseamento dos filhos de Israel, cada um deles dará ao SENHOR o resgate de si próprio, (Kopher) quando os contares; para que não haja entre eles praga nenhuma, quando os arrolares. "
Jó 36:18:
"Guarda-te, pois, de que a ira não te induza a escarnecer, nem te desvie a grande quantia do resgate (Kopher)."
Podemos observar nestes textos que a mesma expressão que foi utilizada para "betume" foi ditada pelo Espírito com o sentido de "resgate", pois Deus queria mostrar que aquele betume representa o resgate que seria provido aos homens. Portanto, esta Arca levava sobre si o resgate de Deus, e assim Noé e sua família foram resgatados. Agora, vejamos o que nos é dito:
Marcos 10:45:
"Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos."
1 Timóteo 2:6:
"o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos."
Este "resgate" significa a libertação do homem em relação á morte, pois conforme diz os Salmos era impossível o homem fazer isso:
O Livro dos Salmos 49:7-9:
"Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.), para que continue a viver eternamente e não veja a cova;"
Portanto assim como foi a desobediência que trouxe ao mundo a morte, a vida foi trazida por meio da obediência, esta era a única forma de resgate, no entanto Cristo morreu sem pecado para que a morte não o pudesse reter e esta fosse vencida e a vida eterna que havia no principio e o direito á Arvore da Vida que havia no Eden agora fosse retomado. Por isso o sangue de Cristo é o preço do Resgate, pois por meio de sua vida recebemos a vida que havíamos perdido. Esta arca foi edificada por Noé que pela fé obedeceu ao chamado daquele que disse: "Faz uma arca de tábuas de madeira de cipreste", assim como ele disse á Abraão "Sai da tua terra", estes obedeceram a voz de Deus e por meio destas obra demonstraram ter fé em Deus. Esta obediência a voz de Deus distingue os que fazem parte do seu povo, dos que não fazem, conforme profetizou Malaquias:
Malaquias 3:16-18
“Então, os que temiam ao SENHOR falavam uns aos outros; o SENHOR atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome. Eles serão para mim particular tesouro, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve. “
Deus salvou Noé por meio da Arca, aquele que em sua geração era justo diante de Deus. Nesta Arca, que topologicamente representava a Salvação de Deus, tínhamos uma representação da salvação que Deus manifestará quando o Senhor Jesus se manifestar dos Céus, e todos aqueles que tiverem sobre si a marca, isto é, o sangue do cordeiro, serão salvos da ira que virá. Da mesma forma como a Arca de Noé tinha sobre si o "betume", isto é, a expiação.
Por meio destas tipologias e palavras proféticas, fica mais do que claro que Deus quis demonstrar relações com os eventos que se dariam com aqueles que fariam parte da Casa de Deus e que todos os que se refugiam em Cristo serão salvos.
Sem, Abraão e Isaque - Benção Sobre a Tenda.
Sabemos que Deus condenou o mundo por meio das águas que inundaram todas as direções e que toda a criação que vivia sobre a Terra pereceu. Mas, por meio da Arca, Deus salvou aquele que era seu servo e preservou sua descendência para que no mundo que haveria de vir existissem habitantes. Noé teve três filhos: Cam, Sem e Jafé, e por meio deles, toda raça humana se espalharia sobre toda a Terra e dariam origem a todas as nações que hoje existem.
Do mesmo modo como vimos na vida de Noé e dos que vieram antes destas gerações dos seus filhos, nestes três Deus revelou todo o curso da humanidade e o que se daria com os homens, e até mesmo a redenção e salvação destes. Estes três homens serão muito relevantes para conseguirmos vislumbrar as coisas que Deus tinha em mente quanto ao futuro da humanidade, tanto para os que se perderiam, quanto para os que se salvariam. Portanto, vamos analisar as palavras proféticas proferidas por Noé:
Gênesis 9:20-27:
"Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo."
Como sabemos, todas as nações tiveram origem nos filhos de Noé. Logo, o Espírito Santo estava trazendo uma parábola referente ao cumprimento de todas as coisas, mas que pelos olhos da carne não poderíamos enxergar corretamente. Portanto, esta profecia tratava sobre todas as nações e o que ocorreria com elas.
Primeiramente, devemos notar que a maldição entrou no mundo quando Adão desobedeceu a Deus, comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal, e, por meio deste fato, sua nudez ficou exposta. Neste tempo, após o dilúvio, mais uma vez, por causa do fruto de uma árvore, a maldição cai sobre os descendentes de Cam, pois ele zombou e manifestou a nudez de seu pai a seus dois irmãos. Podemos perceber as semelhanças com o que houve no princípio: Cam desonra seu pai do mesmo modo como Adão desonrou a Deus, e agora vemos que a maldição caiu sobre os descendentes de Cam. No entanto, ainda que essas pessoas tenham existido de fato, o propósito de Deus foi fazer uma alegoria por meio destes das coisas que se sucederiam com a humanidade até a manifestação de Cristo e a Salvação das nações e o estabelecimento do Reino.
Sabemos que Cam foi amaldiçoado pela ofensa que praticou, todavia, Sem e Jafé honraram seu pai e cobriram suas vergonhas, do mesmo modo como Deus cobriu as vergonhas de Adão quando este pecou. Neste contexto, temos em evidência dois fatos: primeiramente, Noé é pai de todos os homens deste mundo atual, semelhantemente a Adão que é pai de todos os homens; e do mesmo modo como as vergonhas de Adão foram cobertas, também as de Noé. Podemos ver que por meio desses dois, Deus quis mostrar que toda humanidade está debaixo do pecado, já que todos nós descendemos deles e o pecado deles passou para todos nós. Contudo, vemos uma promessa de que assim como a nudez dele, de Noé, foi coberta, também a nossa seria.
Sem e Jafé são dois homens importantes que trazem significados reveladores nesta profecia, pois assim como Cam tipifica aqueles que estão debaixo de maldição, ou seja, aqueles que se perderão, Sem e Jafé representam aqueles que seriam benditos. Olhando atentamente para o texto, podemos perceber que Sem é aquele que crê no Deus bendito, e isso nos demonstra que ele também é bendito, totalmente contrário do que houve com Cam e sua descendência. Perceba o termo: "bendito seja o Deus de Sem". Esta frase nos revela onde está a bênção, está em Deus, e Sem tem este por seu Deus; portanto, ele também será bendito, e depois o texto ainda acrescenta:
"Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem".
Nesta expressão "Engrandeça" há muitas coisas para se analisar, mas que só é possível por meio do idioma original hebraico. Ela traz alguns significados possíveis, "pathah" é a palavra que pode tanto significar "alargar" quanto "ser enganado". Obviamente, a palavra fala de Deus "alargando" Jafé, isto é, Jafé se tornando uma multidão de nações e povos, transformando-se na Ilha das nações, conforme o próprio texto dirá:
Gênesis 10:5:
"Estes (descendentes de Jafé) repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, em suas nações."
Jafé, no futuro, haveria de se expandir ao ponto em que seus descendentes repartiriam entre si as ilhas das nações, ou seja, os continentes. Portanto, nós, que moramos nestes longínquos continentes das Américas, somos descendentes de Jafé. Percebemos que há uma promessa da parte de Deus de que Jafé adentraria as tendas de Sem e que este seria bendito quando adentrasse em sua habitação, pois a fé em Deus ali estaria presente. Por outro lado, a palavra que é utilizada para designar "estender" também, no idioma hebraico, significa "ser enganado". Ora, ainda que Jafé seja alargado como ilha das nações, seria enganado, e este é o motivo de muitas nações andarem impiamente e alienadas de Deus. Todavia, Deus previu que esses mesmos que foram enganados e confundidos pelo Diabo seriam libertos e entrariam na habitação de Sem e se tornariam benditos. Obviamente, Deus estava mostrando o serviço que Cristo faria por meio do seu Evangelho entre as nações.
Devemos compreender que Deus se utilizou da expressão "tenda" para demonstrar uma habitação, e todos os que estivessem nessa habitação teriam o Senhor como seu Deus. Pois podemos perceber que aqueles que estão dentro da habitação de outrem devem ser participantes dos costumes do dono da Casa, neste caso, a tenda de Sem. Sem era aquele que tinha o Senhor como seu Deus, mas Jafé era aquele que seria expandido e confundido, mas que depois habitaria na residência de Sem. Como já dissemos, aquele que é convidado a habitar na casa de alguém deve se adequar aos costumes do dono da Casa, assim como a Escritura nos confirma que, ainda que Jafé tenha se confundido, isto é, ter outros deuses, no final ele se converterá ao Deus de Sem.
Deus utilizou uma alegoria de tenda para mostrar sua habitação que seria edificada e o convite para que as nações fizessem parte disso, pois ainda que a casa seja de Deus, muitos habitarão nela, como Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". Mas, assim como Jafé deveria se converter ao Deus de Sem, assim também nós. Neste momento, não será possível falar com detalhes mais abrangentes sobre o termo "tenda", contudo, ao longo do estudo, quando chegarmos na Lei, perceberemos que a explicação sobre a festa dos tabernáculos trará um entendimento mais pleno.
Isaque e a Tenda de Sara
Muitos conhecem a história de Isaque, mas poucos conhecem os detalhes que envolvem essa história e o quanto ela acrescenta para o conhecimento do Filho de Deus. Como vimos nas histórias passadas, muitas foram as tipologias e conexões com as coisas que Deus haveria de fazer por meio de seu Filho no tempo determinado, e em Isaque não é diferente. Isaque foi aquele que nasceu segundo a palavra de Deus e segundo a vontade de Deus, conforme podemos ver na própria Escritura que diz:
Gênesis 18:10
"Disse um deles: Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara, tua mulher, dará à luz um filho. Sara o estava escutando, à porta da tenda, atrás dele."
Podemos ver que Deus, aqui neste trecho da Escritura, dá uma determinação dizendo que dali a um ano Sara teria um filho, mesmo em sua velhice, contudo, em todo o seu tempo de juventude e período em que as mulheres podem gerar filhos, não teve sequer um filho. Todavia, aqui Deus determina que dali a um ano ela teria um Filho.
Temos que entender que o filho nascido de Agar e que foi chamado de Ismael não veio segundo a vontade e a promessa de Deus, mas nasceu segundo a vontade da carne, já que Sara, quando viu que Deus havia prometido para Abraão um filho, não compreendeu que a promessa da descendência procederia dos filhos dela mesma, e isto nos demonstra a falta de fé. Portanto, devemos analisar o texto que diz:
Gênesis 16:1-3
"Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã."
Por meio desse mesmo texto, podemos ver que Sara não compreendeu a promessa feita a Abraão, que dizia que ele se tornaria uma grande nação e uma multidão de nações, mas julgou que Deus tinha em mente outra mulher, visto que ela já havia passado da idade de ter filhos. Quando Deus fez a promessa para Abraão, a vontade era que tal promessa fosse cumprida por meio de Sara e não de Agar, já que esta era a mulher daquele. Deus fez Sara estéril durante sua vida com o propósito de demonstrar que o filho que nasceria dela haveria de nascer de forma miraculosa, pois como poderia uma mulher estéril dar à luz e ainda em idade avançada? Assim, por não crer, ela chamou sua serva, chamada Agar, e quis dar uma "mãozinha" para Deus, todavia sabemos que Deus já havia determinado o tempo certo para o nascimento deste filho, e o nascido de Agar foi um desvio do que Deus tinha em mente e um erro da falta de fé. Portanto, podemos concluir que Ismael nasceu da carne e da falta de fé.
Diferentemente de Ismael, que não havia sido determinado por Deus, Isaque recebeu a determinação de Deus que diz: "Sara terá um filho". Logo, Isaque nasceu da palavra de Deus, pois quando diz "terá", aqui temos a determinação de Deus. Assim como Deus disse no princípio "haja" e todas as coisas foram criadas por meio de sua Palavra, assim também disse "haja" um filho para Sara e este haveria de nascer. Obviamente, Deus estava aqui tipificando aqueles que não nasceriam segundo a carne, como foi com Ismael, ou seja, os homens segundo Adão, mas Isaque prefigurava aqueles que nasceriam segundo a Palavra de Deus, ou seja, aqueles que nasceram novamente segundo Deus.
João 1:12-13:
"Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."
O Sacrifício de Isaque
Certamente é sabido que Isaque é uma tipologia de Cristo, bem como diversos outros personagens de toda a Escritura também são e compreender a sua história revelará diversas coisas que muitas vezes ficam ocultas a nossos olhos, portanto os detalhes são importantíssimos. Isaque representa aquele que nasceu da palavra de Deus, representa todos aqueles que haveriam de nascer do Espírito, do mesmo modo Cristo é a Palavra de Deus, logo nele, Isaque, Cristo era representado e todos nós que somos nascidos de Deus. Sobre aqueles que seriam semelhantes a Isaque temos os ditos de Paulo que nos dirá o seguinte:
Gálatas 4:26-29
"Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido. Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora."
Paulo nos confirma que somos semelhantes a Isaque, pois nascemos da promessa e que nossa mãe é a Jerusalém do alto, Deus sempre teve em mente que a promessa da herança se cumprisse não na Jerusalém terrena, mas sim na Jerusalém do Alto, logo esta Jerusalém que ai está não é a Jerusalém prometida, mas uma que é como Agar, serva e fruto da falta de Fé. Perceba que Paulo diz que assim como o nascido da carne perseguiu os nascidos da promessa, agora é assim, ora Agar zombou de Sara e certamente quis a herança que era destinada para Isaque para dar a Ismael.
Aqueles que eram descendentes de Abraão segundo a carne, ou seja, os judeus incrédulos do tempo de Cristo, perseguiram aquele que era o nascido da promessa, o próprio Filho de Deus e também perseguem até hoje nós, os Cristãos, que somos nascidos segundo a promessa. Cristo foi perseguido e entregou sua vida para que nós fôssemos feitos filhos de Deus, e em seu corpo fôssemos feitos um povo só, mesmo sendo de diversas nações. Portanto, aqueles que estão em Cristo nasceram novamente pelo Espírito, de forma miraculosa, para que fôssemos feitos filhos da Jerusalém do Alto, que é representada por Sara, como diz: "Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto" - Sara representa a Jerusalém do Alto e é a mãe de todos aqueles que nascem segundo a Palavra e segundo Deus.
Assim como Cristo se sacrificou por nós e, por meio dele, todos fomos feitos filhos de Deus, certamente Deus deixou isso testificado antes de ocorrer para que ficasse manifesto o que Ele deveria fazer na plenitude dos tempos. Deus também testemunhou este fato por meio do sacrifício de Isaque e demonstrou que seria necessário que alguém desse a vida por todos, mas que ao terceiro dia seria ressuscitado dentre os mortos para que a morte fosse vencida. Dessa forma, todos nós que fomos escravos do império da morte fôssemos libertos para a Vida de Deus, conforme está escrito na Lei:
Gênesis 22:1-3
"Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado."
Quão tremenda é a Sabedoria de Deus, que de antemão mostraria aquilo que seu Filho passaria para que o mundo fosse salvo por Ele. Glórias a Ele!
Veja que Deus diz a Abraão:
"Toma teu filho, teu único filho." Ora, neste tempo, Ismael já havia nascido há muito e era de fato filho de Abraão, mas para Deus apenas Isaque era considerado como filho de Abraão, pois este era o nascido de Deus e da Palavra, e não Ismael. E do mesmo modo como Isaque era considerado o único filho de Abraão, assim também Cristo era o Filho único de Deus e, agora, juntamente com Abraão, traçava o caminho até o local do Sacrifício.
Podemos perceber que o local escolhido por Deus era justamente o Monte Moriá, que futuramente seria o local onde Davi faria planos para a edificação da Casa de Deus, e Salomão haveria de levantar diante do Povo. Isso ocorreu porque, por meio do Sacrifício de Isaque, o monte Moriá seria santificado a Deus e digno de receber esta consagração. Contudo, trataremos desta parte quando chegarmos em Davi, Salomão e outros profetas.
Abraão tinha plena convicção e fé em Deus de que este cumpriria sua promessa de que, por meio de Isaque, a descendência seria feita herdeira das promessas, e que o próprio Isaque se tornaria uma multidão de nações. Logo, como poderia Isaque ir para a morte? Portanto, ainda que Isaque morresse, Deus cumpriria sua promessa. Para isso, Abraão tomou dois de seus servos para que estes fossem testemunhas deste milagre que Deus haveria de fazer. Aos olhos desses servos, Abraão tomou o madeiro e o colocou sobre Isaque, e eles viram com os próprios olhos o madeiro sobre Isaque, que agora iria para o SACRIFÍCIO, pois não havia entre eles cordeiro nenhum. Semelhantemente como uma multidão de pessoas foi testemunha do madeiro sobre Cristo quando este caminhava entre sofrimentos até o calvário, para que por Seu Sacrifício a casa de Deus pudesse ser edificada. A profecia ainda diz mais:
Gênesis 22:4-12
"Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós. Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos. Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho."
Todo o quadro do sofrimento, sacrifício e ressurreição estava montado, e aos olhos de duas testemunhas, os servos de Abraão que ali estavam, o cutelo, o fogo e o madeiro estavam preparados. Isaque, que pelo texto provavelmente vinha sobre um jumento, assim como Cristo entrou em Jerusalém e foi recebido como aquele que vem em Nome do Senhor, mas que logo seria sacrificado por amor dos filhos de Deus, agora Abraão juntamente com seu filho Isaque tomaram o caminho e subiram ao monte.
Isaque, tendo sido amarrado por Seu pai, disse: "Onde está o cordeiro?" e seu pai logo respondeu: "Deus proverá o Cordeiro para o Holocausto". Ora, Abraão falava isso, pois certamente ele sabia que Deus proveria um cordeiro. No entanto, tal pergunta seria respondida muitos anos depois por boca de João Batista, fiel testemunha de Deus, quando disse:
João 1:29
"No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!"
Aqui está a resposta, pois este seria o Cordeiro que Deus providenciaria para que o mundo fosse salvo, mas no tempo certo. E este que por nós morreria também seria aquele que, ao terceiro dia, ressuscitaria por nós. Assim como é dito no texto que mostramos:
"Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós."
Como Abraão poderia dizer: "Iremos adorar e voltaremos" se o rapaz ia ser sacrificado? De forma lógica e pela carne não poderia, mas pela fé, Abraão sabia que Deus era poderoso para o ressuscitar dentre os mortos. E neste mesmo dia, Isaque seria sacrificado e voltaria vivo diante dos servos. Como vimos, diz a Escritura: "Ao terceiro dia". Portanto, Isaque foi ressuscitado ainda que em figuras, ao terceiro dia. Quanto a isso, temos o testemunho do escritor de Hebreus que nos diz:
Hebreus 11:17-19
"Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito, aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito:
"Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou."
Nestas figuras magníficas, Deus estava ressuscitando Isaque tipologicamente e como testemunho para as futuras gerações da ressurreição de Cristo e também da própria Igreja que ressuscitará na vinda de Cristo. Isaque, sendo o filho de Abraão que nasceu segundo a Palavra de Deus, era o cumprimento daquilo que Deus havia profetizado quando disse: "Daqui um ano tornarei, e Sara te dará um filho". Portanto, a palavra de Deus estava determinando, e assim se fez.
Podemos perceber que Deus diz: "Toma teu filho, teu único Filho". Assim, Deus também tomou seu filho unigênito e o entregou por amor a nós e para que, por meio deste sacrifício, pudéssemos nos achegar a Deus. Quando Isaque pergunta a Abraão onde estava o cordeiro para o Holocausto, Abraão diz que Deus proveria para si esse cordeiro, e como vimos acima, sabemos que esse cordeiro seria Cristo, no próprio contexto, Deus provê para Abraão um cordeiro que foi sacrificado em lugar de Isaque, demonstrando assim que Cristo, o Cordeiro de Deus, seria entregue em nosso lugar para que pudéssemos viver.
Por meio deste ato de fé de Abraão, Deus confirma a promessa que já havia estabelecido anteriormente com Abraão, aqui estava a prova de que a fé de Abraão de fato era valiosa, e ele estava passando pelo fogo, ou seja, a prova real para que fosse confirmado o valor de sua fé. Muitos erram, pois acham que a fé é simplesmente o ato de crer sem implicações nenhuma. Mas diante de Deus, não é assim, pois a fé que tem valor é aquela que pratica e é consumada, e não morta. Com efeito, se Abraão não tivesse entregado seu filho conforme o pedido de Deus, ou mesmo se Noé tivesse se negado a edificar a Arca, certamente isso demonstraria uma falta de fé por parte deles. Quando ele cumpriu a Palavra de Deus, o mesmo o recompensou, confirmando o juramento conforme diz a Escritura:
Gênesis 22:15-18:
"Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz."
Podemos ver que nesse texto Deus confirma a promessa feita para Abraão dizendo que a descendência dele seria tão numerosa como as estrelas e como a areia da praia do mar, confirma que através do sacrifício em figuras feito por Isaque Deus bendiria as nações e multiplicaria a descendência de Abraão, por meio de um muitos foram aceitos. Se fizermos uma ligação com as promessas feitas a Sem, perceberemos que Sem era aquele que tinha o Deus bendito e consequentemente ele era bendito e Jafé quando adentra as tendas de Sem torna-se bendito em Sem, do mesmo modo os gentios tornar-se-iam benditos através da fé de Abraão e do Descendente de Abraão que é Cristo. Aquela tenda de Sem para nós representa justamente a Habitação de Deus e todos que adentrarem nela serão Benditos e todo que se achega a Cristo se torna bendito, pois Cristo é a porta e a fé a chave que abre a porta para nos tornarmos moadores desta Casa.
Rebeca uma Figura da Igreja
Abraão foi aprovado e sua fé foi consumada e aprovada através deste ato que ele fez, mas para que sua descendência, Isaque, pudesse se tornar em uma multidão de nações obviamente este deveria receber uma esposa e por meio desta geraria filhos para darem continuidade às promessas. Deus mostra um acontecimento muito importante em Isaque em em Rebeca, pois Isaque precisou passar tipologicamente pela morte para depois receber Rebeca como sua esposa do mesmo modo que passou pelo sono Adão pra receber sua esposa, Abraão olhando para as promessas que Deus havia feito e sabendo que os Cananeus eram amaldiçoados compreendeu que certamente a esposa de Isaque não poderia ser nem das Cananeias e nem de qualquer descendente de Cam que foram tidos por escravos, mas sabendo que em Sem é que as nações seriam benditas compreendeu que a esposa do seu filho deveria ser da linhagem de Sem.
Continua na parte 2