Estudo Sobre o Sábado de Deus
A Servidão do Homem
Gênesis 3:17-19
E Adão disse: Visto que atendeste à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara que não comesses, maldita seja a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que voltes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó retornarás.
Quando Adão pecou por causa de Eva, a carne e a escravidão apareceram. Porém, não era da vontade de Deus. Do mesmo modo, quando Abraão não creu na palavra de Deus, ouvindo a voz de Sara quando disse: “Toma a escrava”, nunca foi por meio desta que Deus quis dar um filho a Abraão, mas sim por Sara mesma. Assim, o filho da carne e a escrava apareceram. Podemos perceber que Deus nos mostra que a desobediência gera consequências como nestes casos, mas Deus sempre proporciona restauração. Quando Deus colocou Adão e Eva debaixo de escravidão, também proporcionou descanso para eles, como diz:
Gênesis 2:1-3
Assim, foram concluídos os céus e a terra e todo o seu exército. E, tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que fizera, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.
Jesus nos revela o motivo pelo qual Deus fez o sétimo dia:
Marcos 2:27-28
E acrescentou: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de modo que o Filho do Homem é senhor também do sábado.
Pelo texto, percebemos que o sábado foi estabelecido por causa do homem. Logo, esse descanso só pôde ser instituído após a criação do homem. Antes disso, esse descanso não existia. Diante dos anjos e de toda a criação invisível de Deus, isso era algo novo, já que o motivo que levou Deus a estabelecer esse descanso foi o homem. Podemos perceber que, quando Deus criou o homem, não foi para a servidão que ele o fez, mas sim para ser livre e viver em descanso.
Gênesis 2:5-9
Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha brotado, porque o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo. Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo. Então, o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra e soprou nas narinas dele o fôlego de vida, e o homem se tornou uma alma vivente. E o SENHOR Deus plantou um jardim no Éden, na direção do Oriente, e colocou nele o homem que havia formado. Do solo, o SENHOR Deus fez brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
O alimento que Adão consumiria seria do próprio jardim, e apenas ele deveria cultivar este jardim. No entanto, sem escravidão, onde as próprias plantas dariam alimento ao homem, ou seja, não haveria fadiga para o homem se alimentar dos produtos da terra. Esta sempre foi a vontade original de Deus. Contudo, quando o homem transgrediu o mandato de Deus, ficou sob as palavras de Deus que dizem: "No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás."
Assim, o homem passou de uma posição em que não havia a necessidade de fadiga e suor para seu sustento para uma posição em que ele retornaria ao pó depois de muitos anos de fadiga e trabalho. Assim, Deus estabeleceu a Lei: "Aquele que não trabalha, que não coma."
Restauração de Todas as Coisas
A vontade original de Deus era que o homem não se fatigasse para obter seu sustento, mas que as plantas produzissem e o homem se alimentasse delas sem o suor do rosto. Dessa forma, o homem não estaria sob a lei da escravidão, que é a lei que fala do homem tirando seu pão do meio de cardos e abrolhos. Mas Deus prometeu a restauração de todas essas coisas, para que, por meio dessa restauração, toda a criação voltasse ao que era no princípio, conforme nos é dito pelo apóstolo Paulo:
Romanos 8:19-23
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, ao mesmo tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
Podemos raciocinar em um ponto: primeiro, que o homem comeria seu alimento sem fadigas, porém, o curso disso foi desviado. Segundo: Deus faz uma alusão com a atual forma de agricultura.
O Pão da Terra
Quando Deus diz "do suor do teu rosto comerás o teu pão", Deus já estava profetizando o trabalho do homem para extrair da terra o produto que seria transformado em pão, ou seja, os grãos. O homem agora deveria trabalhar a terra sob o sol, fadigas e suor, plantando e colhendo, para que a terra produzisse e o homem colhesse o material necessário para fazer o pão. Esse é o pão da escravidão, proveniente da terra que o homem come e que, no entanto, acaba perecendo. Por outro lado, Cristo é o pão da vida que desceu do céu, o pão da liberdade, pelo qual o homem vive.
Viver na Servidão – Uma lei foi estabelecida para todos os homens, submetendo todos eles à mesma condição, ou seja, o homem viveria sob trabalho e escravidão. No entanto, dentro desta lei, os sacerdotes viveriam do altar e do que eles próprios não produziriam. Esse seria o modelo de vida deles, visto que o povo os sustentaria através de primícias, ofertas e dízimos. Este é um modelo que estudaremos posteriormente.
Deus deseja que o que foi estabelecido desde o princípio seja restaurado. Assim como os levitas, que se dedicavam integralmente a Deus, o homem também deveria se dedicar a Ele integralmente, de forma que não haverá mais fadigas nem morte. A terra produzirá por si só, e o homem se alimentará sem estar sob servidão. Acompanhemos o testemunho de Papias de Hierápolis:
“Haverá dias em que nascerão vinhas que terão, cada uma, dez mil videiras; cada videira terá dez mil ramos; cada ramo terá mil galhos; cada galho terá dez mil cachos e cada cacho terá dez mil uvas, e cada uva espremida renderá vinte e cinco metretes de vinho. E quando um dos santos pegar um dos cachos, o outro cacho gritará: ‘pega-me porque sou o melhor e, por meu intermédio, bendize o Senhor’. Da mesma forma, um grão de trigo produzirá dez mil espigas e cada espiga dará dez mil grãos; cada grão dará dez libras de farinha branca e limpa. Também os outros frutos, sementes e ervas produzirão nessa mesma proporção. E todos os animais que se alimentam dos alimentos dessa terra se tornarão pacíficos e viverão em harmonia entre si, submetendo-se aos homens sem qualquer relutância.”
Isso é semelhante ao que diz a Escritura:
Isaías 65:20-25
Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todas as obras de suas próprias mãos. Não trabalharão em vão, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade abençoada do SENHOR, e seus filhos estarão com eles. E será que, antes que clamem, eu responderei; enquanto ainda estiverem falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; o pó será o alimento da serpente. Não haverá dano nem destruição em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.
Podemos ver que nestes textos Deus está restaurando o que era no princípio, quando os animais viviam pacificamente sem se devorarem mutuamente, e todos se alimentavam de ervas, exatamente como vemos no início do mundo:
Gênesis 1:29-30
E Deus disse ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e que se encontram na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde será para mantimento. E assim se fez.
Fica evidente que Deus quer restaurar essas coisas para que, por meio delas, o mundo volte ao estado em que estava desde o princípio da Criação, quando toda a criação era como o texto diz: "Viu Deus que era tudo Muito bom."
Com todos esses detalhes, podemos ter uma visão panorâmica de tudo o que Deus tem em mente e compreender as palavras de Cristo, da Lei, dos profetas e dos escritos. Vamos observar novamente o texto que diz:
Marcos 2:27-28
E acrescentou: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de modo que o Filho do Homem é senhor também do sábado.
Primeiramente, devemos fazer perguntas a nós mesmos e raciocinar sobre esse texto:
Primeiro: Se o homem, no princípio, não estava em uma situação de servidão e fadiga, qual é o motivo de Deus estabelecer um dia de descanso para o homem?
Segundo: Qual é o motivo de Deus estabelecer o sábado para o homem?
Essas perguntas podem ser respondidas por uma única resposta, mas essa resposta só pode ser compreendida por uma mente exercitada na Lei e nos profetas. Isso é o motivo pelo qual muitos não conseguem entender essas questões. Como podemos perceber, Deus criou o homem não para a servidão e não para o trabalho árduo, mas para que, com bondade e liberdade, cultivasse o jardim e se alimentasse dele sem escravidão. Ele se alimentaria da árvore da vida. No entanto, devido à desobediência, tudo isso mudou, e o homem perdeu tudo isso. Agora, devemos raciocinar: se o homem entrou em escravidão e Deus diz: "Seis dias trabalharás e no sétimo descansarás", obviamente o sábado foi instituído para que o homem descansasse de suas fadigas. Como vimos, essas fadigas surgiram somente por causa da transgressão, que levou o homem a ficar sob servidão. Portanto, o motivo do sábado é este: libertar o homem da Lei da servidão e trazer descanso ao homem. Deus estabeleceu o sábado sabendo que o homem pecaria e, por meio do pecado, ficaria sob escravidão e, depois, retornaria ao pó de onde foi formado. Essa é a lei deste mundo, mas não é o que Deus disse quando disse: "Tudo é muito bom". Portanto, se o homem não tivesse pecado, o sábado não teria sido estabelecido, pois o motivo do sábado ter sido instituído foi justamente proporcionar descanso e libertação da servidão causada pelo pecado. No entanto, agora temos uma nova questão: se o sábado foi criado por causa do homem para que ele descansasse de suas fadigas e da servidão do pecado, o homem pecou depois que o sábado foi instituído? Responderemos a essa pergunta mais adiante no estudo.
O Sábado, a Lei de Deus e os Tempos Determinados
Existem alguns trechos no Novo Testamento que são um pouco obscuros e de difícil compreensão em relação ao sábado, e muitos, por não compreenderem, chegam a conclusões equivocadas sobre o que está sendo dito. No livro de Lucas, percebemos que Jesus e os discípulos passavam pelas searas, colhiam espigas com as mãos e as comiam, debulhando-as. No entanto, alguns dos sacerdotes, devido às suas tradições, tiraram conclusões erradas e acusaram Jesus e seus discípulos de transgredirem o sábado, conforme está escrito:
Lucas 6:1-4
Aconteceu que, num sábado, passando Jesus pelas searas, os seus discípulos colhiam e comiam espigas, debulhando-as com as mãos. E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito aos sábados? Respondeu-lhes Jesus: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? Como entrou na casa de Deus, tomou, e comeu os pães da proposição, e os deu aos que com ele estavam, pães que não lhe era lícito comer, mas exclusivamente aos sacerdotes?
Estes mesmos sacerdotes tropeçaram na interpretação da Lei, pois a Lei em nenhum momento proibia comer com as mãos no dia de sábado. No entanto, a Lei dizia:
Deuteronômio 23:24-25
Quando entrares na vinha do teu próximo, comerás uvas segundo o teu desejo, até te fartares, porém não as levarás no cesto. Quando entrares na seara do teu próximo, com as mãos arrancarás as espigas; porém na seara não meterás a foice.
Na Lei estava determinado que quando um homem entrasse na vinha ou na seara do seu próximo, ele poderia comer até se fartar, para que houvesse justiça na terra. Isso era uma justiça de Deus, permitindo que os famintos se alimentassem. Portanto, não era uma transgressão do sábado, mas sim um mandamento de Deus. Porém, nos sábados ou em qualquer dia, era proibido entrar na vinha do próximo e usar a foice, pois isso seria injusto. Jesus estava fazendo o contrário aqui, estava se alimentando daquilo que a terra produziu, sem que ele trabalhasse com o suor do seu rosto. Ele e seus discípulos estavam comendo do produto da terra, mas que não custou nenhuma gota de suor. Dessa forma, Jesus estava restaurando o que havia sido estabelecido desde o princípio do mundo. Esse era o significado do sábado: promover justiça na terra, permitindo que os necessitados, os escravos, os pobres e as viúvas se alimentassem abundantemente usando as próprias mãos.
Na Lei, esse princípio de justiça e descanso aparece algumas vezes, mas sempre com o mesmo sentido. No entanto, ele é apresentado de formas diferentes para que, ao somar os textos, possamos compreender o todo. Vejamos o que a Lei diz sobre o sétimo ano:
Levítico 25:1-8
Disse o SENHOR a Moisés, no monte Sinai: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra que vos dou, então a terra guardará um sábado ao SENHOR. Seis anos semearás o teu campo e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos. Porém, no sétimo ano, haverá um sábado solene de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. O que nascer por si mesmo na tua seara não segarás, e as uvas da tua vinha não podada não colherás; será um ano de descanso solene para a terra. Mas os frutos da terra em descanso vos servirão de alimento, a ti, ao teu servo, à tua serva, ao teu jornaleiro e ao estrangeiro que peregrina contigo; e ao teu gado, aos animais que estão na tua terra, todo o seu produto servirá de alimento. Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos.
O mesmo princípio que vimos aplicado ao sétimo dia está também aplicado ao sétimo ano, promovendo justiça na terra. Fica evidente que Deus quis demonstrar a mesma coisa de ângulos diferentes. Em um caso, trata-se do sétimo dia; no outro, do sétimo ano. No entanto, o princípio é o mesmo. No sétimo ano, Deus não permitia colheitas nem plantio na terra. Os homens poderiam se alimentar daquilo que a terra produziria por si só. Os homens teriam a liberdade de entrar na vinha do próximo e se alimentarem fartamente, seguindo o princípio de justiça estabelecido em Deuteronômio. O plantio e a colheita por meio de instrumentos de trabalho eram proibidos. Através desse preceito, Deus estava restaurando o que era no princípio, quando não haveria plantio com fadigas, mas sim liberdade e alegria para o homem. Deus proibiu aos homens tanto no sétimo dia quanto no sétimo ano o plantar e colher. O homem apenas se alimentaria fartamente daquilo que a terra livremente daria e em descanso bendiria ao Senhor. Tanto no sétimo dia quanto no sétimo ano, Deus estava mostrando o fim do trabalho e das fadigas, e que o tempo da justiça havia chegado. Os escravos estariam livres, os animais não carregariam cargas, e o homem não plantaria nem colheria, mas viveria daquilo que a terra por si só produzisse, dedicando-se integralmente ao Criador.
Durante seis dias, o homem estava autorizado a plantar, colher e realizar todo o trabalho de sustento. Da mesma forma, durante seis anos, o homem podia plantar e colher. No entanto, ao término desses períodos, ao homem era vetado realizar tais atividades, pois era tempo de descanso. As obras que o homem fazia para obter seu sustento da terra não eram permitidas e eram vetadas por Deus. Agora, vamos raciocinar com todas as coisas que estudamos até aqui. Perceba que, no princípio, o homem não precisaria produzir o pão com fadigas; a terra daria sua bênção. No entanto, devido ao pecado, a terra passou a produzir cardos e abrolhos, e o homem teria que tirar o produto da terra cheia de espinhos. Dessa forma, ele faria a massa do pão e se alimentaria dela. Isso aconteceria sob sofrimento e fadigas. O homem permanece durante toda a sua vida debaixo da lei da servidão. Podemos dizer que a agricultura atual é um símbolo da escravidão do homem e do pecado, pois se o homem não tivesse pecado, a agricultura como a conhecemos hoje não teria surgido. O homem se alimentaria livremente do que a terra produzisse, sem escravidão e sem fadigas. No entanto, a agricultura foi estabelecida e, por meio dela, o homem come seu alimento e depois volta ao pó de onde foi tirado. Ele come seu pão da terra que, no princípio, foi amaldiçoada, como diz: "Maldita é a terra por tua causa". Caim ofereceu o fruto de uma terra amaldiçoada a Deus, mas pela fé Abel ofereceu o primogênito do seu rebanho como símbolo de Cristo. Quando olhamos para a Lei de Deus e observamos as festas e os tempos determinados, entendemos que essas festas estavam relacionadas à agricultura. Se não houvesse plantio e colheita, certas festas não poderiam ser realizadas. Assim, durante o ano, o homem teria que trabalhar na terra para celebrar a Deus as festas estabelecidas por Ele. No entanto, no sétimo ano, essas festas de plantio e colheita não poderiam ser celebradas, já que a agricultura estava proibida. Portanto, Deus está nos revelando que, no sétimo ano, o sábado da terra, a temporada de festas de colheita e plantio chegaria ao fim. Do mesmo modo, quando olhamos para o sétimo dia, isso também ocorre, pois plantar e colher também não eram permitidos.
O sentido disso é que, assim como Deus quis demonstrar a escravidão e o pecado representados no trabalho dos seis dias e dos seis anos, onde o homem plantaria e colheria, no sétimo dia e no sétimo ano, chegaria ao fim a representação do pecado humano. A justiça seria estabelecida, e o homem se alimentaria sem fadigas daquilo que a terra produziria por si só. Deus está mostrando o Seu Reino em Justiça, sem o trabalho árduo do homem. O pecado seria desfeito, e agora o homem poderia se dedicar integralmente ao seu Criador, sem realizar nenhuma obra deste mundo para obter o sustento. Ele se alimentaria abundantemente daquilo que nascesse naturalmente.
Realidade das coisas tipificadas por Deus
Colossenses 2:16-17
Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; mas o corpo é de Cristo.
Paulo, inspirado pelo Espírito, nos ensina que sábados, festas, etc., eram sombras e tipologias das coisas que Deus estabeleceu. Nas tipologias dos sábados e dos tempos, Deus apontava para o fim do pecado e o estabelecimento da justiça, como estudamos acima. Tanto o sétimo dia quanto o sétimo ano traziam essa relação de fim dos trabalhos e estabelecimento da justiça, que é o Reino de Deus. Agora que compreendemos as sombras, devemos passar para a compreensão das realidades práticas e entender as coisas perfeitas. Se essas coisas apontam para sombras, obviamente também existem as realidades. Primeiramente, sabemos que Deus tem um descanso, e esse descanso aponta para o sétimo dia. No entanto, as Escrituras também dizem que Deus não se cansa:
Isaías 40:28-29
Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Ele dá força ao cansado e multiplica as forças ao que não tem vigor.
Agora, se Deus não se cansa, qual o motivo de se dizer que Deus descansou no sétimo dia? Primeiramente, para compreender esse descanso de Deus, precisamos levar em conta muitos elementos, como o contexto, o local e o cumprimento das profecias. Sabemos que Deus instituiu o sábado por causa do homem. No entanto, percebemos que é mencionado que Deus descansou no sétimo dia. Muitos podem não perceber isso, talvez por falta de leitura ou por não meditar nos profetas e na Lei. Deus revela aspectos desse descanso em Sua Palavra. Vamos analisar alguns textos para chegarmos a uma conclusão mais satisfatória.
Salmos 95:8-11
Não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, quando vossos pais me tentaram e me provaram, apesar de terem visto as minhas obras. Por quarenta anos estive irritado com essa geração, e disse: "É um povo de coração desviado, que não reconhece os meus caminhos." Por isso, jurei na minha ira: "Não entrarão no meu descanso."
Esse texto é muito revelador e nos leva a ponderar sobre diversos aspectos. Nele, percebemos que Deus está tratando dos ímpios que não creram nas palavras do Espírito, endureceram seus corações e provocaram a ira de Deus. Ele diz: "Não entrarão no meu descanso." Embora saibamos que o descanso de Deus é o sétimo dia, o sábado de Deus, como Deus pode dizer a esse povo que eles não entrarão em Seu descanso? A conclusão que podemos alcançar é que Deus conduziu o povo em direção ao descanso, mas eles foram incrédulos, desprezaram a Deus e O provocaram, então não puderam entrar no descanso. Pense nisso: durante quarenta anos, eles estiveram no deserto e receberam o mandamento do sábado. Mesmo guardando o sábado por quarenta anos, Deus ainda disse a eles que não entrariam no descanso. Como eles guardavam o sábado por quarenta anos, por que não puderam entrar no descanso?
Quando o autor de Hebreus explica esses textos, ele baseia seu ensinamento na Lei e nos profetas para esclarecer o Salmo 95. Além disso, ele faz associações com outros textos:
Hebreus 4:1-11
Tenhamos, portanto, cuidado para que, embora a promessa de entrar no descanso de Deus ainda esteja de pé, pareça que alguém de vocês tenha falhado. Pois também a nós foram anunciadas as boas novas, assim como a eles; mas a mensagem que ouviram não lhes trouxe benefício, porque não foi acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus declarou: “Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso”, embora suas obras tenham sido concluídas desde a criação do mundo. Pois em certo trecho ele disse assim a respeito do sétimo dia: “E Deus descansou no sétimo dia de todas as obras que havia feito.” Novamente, no mesmo trecho: “Não entrarão no meu descanso.”
Portanto, considerando que ainda resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem anteriormente foi anunciada a boa nova não entraram por causa da desobediência, Deus determina de novo certo dia, ao dizer por meio de Davi, muitos anos depois, assim como antes foi declarado: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração.” Se Josué lhes tivesse dado o descanso, Deus não falaria posteriormente sobre outro dia. Portanto, resta um dia de descanso para o povo de Deus. Pois aquele que entrou no descanso de Deus também descansou de suas próprias obras, assim como Deus descansou das Suas. Assim, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém caia, imitando o mesmo exemplo de desobediência.
Este texto é profundamente revelador, pois nos proporciona uma compreensão precisa do que o Salmo 95 queria transmitir sobre o descanso e como é possível entrar nesse descanso. Observe como ele explica que aqueles que saíram do Egito não conseguiram entrar no descanso devido à falta de fé na mensagem que ouviram. Ou seja, eles não acreditaram, e por isso Deus jurou que não entrariam no Seu descanso. Isso já havia sido percebido no Salmo 95. No entanto, a revelação mais profunda é que, apesar de Deus ter afirmado que eles não entrariam em Seu descanso, Suas obras já haviam sido completadas desde o início do mundo. A última obra de Deus foi o sábado. Então, como eles não poderiam entrar? Por isso, ele menciona que nós, através da fé, entramos no descanso de Deus e cita: “Não entrarão no meu descanso.” Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo. Pois em certo trecho ele disse assim a respeito do sétimo dia: “E Deus descansou no sétimo dia de todas as obras que havia feito.” Novamente, no mesmo trecho: “Não entrarão no meu descanso.”
Fica claro que Deus preparou o descanso desde o início do mundo e estava conduzindo Seu povo para esse descanso. Entretanto, devido à incredulidade, eles não puderam entrar. Ou seja, Deus preparou Seu descanso e convidou as pessoas, mas elas não foram dignas de entrar. No entanto, para nós é dito: "Portanto, resta um dia de descanso para o povo de Deus. Pois aquele que entrou no descanso de Deus também descansou de suas próprias obras, assim como Deus descansou das Suas. Assim, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém caia, imitando o mesmo exemplo de desobediência."
Abaixo deixo dois vídeos para complementar a leitura e para termos um entendimento mais abrangente sobre o tema
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