Com o movimento dispensacionalista, passou a difundir-se uma dicotomia entre povos, no sentido de dizer que Israel é uma coisa e a igreja é outra, diferentemente do que ensinaram os primeiros cristãos, discípulos dos apóstolos e outros cristãos reformados. No entanto, a realidade é que isso não faz sentido, visto que a Bíblia trata o povo de Deus como Israel. Obviamente, poderíamos fazer uma dissertação sobre o assunto aqui, mas seria necessário muito tempo para compreendê-lo com mais clareza. Deixo aqui, através deste link, doze aulas que gravei sobre o tema "O Israel de Deus," com aproximadamente oito horas de duração: Link: https://www.canalreinodedeus.com/series
Infelizmente, falta-me o tempo para explorar todo o conhecimento fundamental que esclareceria o discernimento sobre o "Israel de Deus". Apesar disso, podemos, por meio de textos mais diretos e sintetizados pelos Apóstolos, chegar às mesmas conclusões que alcançaríamos lendo toda a Escritura. Deus alargou o entendimento dos apóstolos para que pudessem fundamentar aquilo que estava oculto nas eras anteriores à difusão do Espírito. Devo dizer que preparei um estudo sobre isso no seguinte link: https://youtu.be/_7QUw35q7lM?si=Z0bamTVHiIK_90EO
Para quem acompanha meus estudos, ficará fácil entender a relação entre o "Israel de Deus", as Duas Casas de Israel e o Mistério de Deus. Ora, aos homens estava oculto o entendimento de que os gentios tornar-se-iam Israel quando enxertados por meio do sangue e do corpo de Cristo, revelação feita por meio do patriarca Jacó e inspirada pelo Espírito quando ele abençoou os filhos de José, Efraim e Manasses. Manasses era o primogênito, mas quem recebeu a bênção do direito da primogenitura foi Efraim. De maneira semelhante, não foi Ismael quem recebeu a herança, mas Isaque foi considerado o primogênito. Aqui está o mistério que os homens não podiam entender sem o Espírito, visto que esses personagens representam os povos que saíram de Abraão. Aqueles que não eram os primeiros tornar-se-iam os primeiros, enquanto os primeiros decairiam à servidão.
Paulo, de forma clara e inspirado pelo Espírito Santo, resumiu isso quando escreveu:
Epístola de Paulo aos Romanos 9:6-13: "E não pensem que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, esses filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência, os filhos da promessa. Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú."
Paulo aqui não estava interessado em falar dos personagens em si, mas em ensinar-nos que nestes homens Deus falava coisas grandiosas que antecipadamente já testemunhavam o que ocorreria no decorrer das eras e que aqueles que tinham o direito de primogenitura profanaram e perderam aquilo a que teriam direito, porque aqueles que não eram os primeiros passaram a ser os herdeiros. Deus quis mostrar que não seria por meio do primeiro Adão que ocorreria a posse da herança, mas pelo Adão que viria por último, o Cristo. Ora, todos nós somos participantes do novo Adão, aquele que veio por último, mas tomou a herança e o direito de primogenitura que o primeiro Adão profanou, da mesma forma que Esaú profanou sua primogenitura e a trocou por carne ao vender seu direito a Jacó, desmerecendo aquilo que era a herança.
No texto acima, podemos ver que é dito que nem todos de Israel são, de fato, israelitas. Pois em Isaque será chamada a tua herança. O que ele está dizendo é que aqueles que hoje se chamam de Israel têm o sangue de Abraão e vivem na terra dada a Abraão, mas, mesmo tendo o nome de Israel, na verdade, não são verdadeiros israelitas. O verdadeiro Israel deve ser como Isaque, porque Isaque nasceu segundo a fé, segundo a herança e por meio da Palavra. Ele explica e complementa em Gálatas quando diz:
Epístola de Paulo aos Gálatas 4:21-26, 28, 30: “Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; … Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. … Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.”
Quando Paulo usa a alegoria dos personagens acima, tinha em mente demonstrar que eles representavam aqueles que seriam procedentes das duas Alianças. Tanto Ismael quanto Esaú eram descendentes de Abraão, no entanto, eram apenas carne, tinham o sangue, a carne, o nome, mas não puderam herdar. E ainda é dito sobre Esaú:
O Primeiro Livro de Moisés chamado Gênesis 25:23: "Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais novo."
Essas duas nações são os filhos que nasceriam de cada Jerusalém, a de baixo e a de cima, procedentes das duas alianças, porque a Jerusalém de baixo deu à luz filhos da carne, e como Paulo diz acima, ela e seus filhos são como Agar e Ismael, servos. Também é dito sobre Esaú que o maior servirá ao menor, ou seja, Esaú servirá a Jacó. Portanto, Ismael e Esaú representam as mesmas coisas, aqueles que nasceriam segundo a primeira aliança e seriam servos. Do mesmo modo que Esaú rejeitou e profanou sua primogenitura, também os israelitas segundo a carne negaram e rejeitaram o Cristo, preferindo ficar sob a primeira aliança que é carne. Nós, que viemos depois, todos os que cremos, como o próprio Paulo confirma, somos como Isaque:
Epístola de Paulo aos Gálatas 4:28-29: "Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora."
Isaque nasceu de forma miraculosa, foi chamado filho de Abraão e quando foi oferecido sobre o altar, Deus disse ao seu pai: “Toma teu filho, teu único filho, e vai para a terra de Moriá”. Deus diz que apenas Isaque era seu único filho, embora saibamos que Ismael já havia nascido. Logo, Deus nos mostrava que o herdeiro considerado por Deus era apenas Isaque, não Ismael. Assim, o que está escrito se cumprirá:
“Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. … Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.”
Nós, que fomos gerados pelo Espírito, somos como aquele gerado em Sara, pois não nascemos de forma natural, mas de forma miraculosa, não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Aqueles que hoje se chamam de Israel têm o sangue de Abraão, vivem na terra de Abraão, os judeus, estão sob a Lei, como o texto diz:
“Dizei-me vós, os que desejais estar sob a lei: acaso não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da mulher livre. Mas o filho da mulher escrava nasceu segundo a carne; o da mulher livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque essas mulheres representam duas alianças; uma, na verdade, refere-se ao monte Sinai, que gera para a escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos.”
Os filhos de Abraão segundo a carne, no texto, estão sob a primeira aliança, e o texto diz: “está é Agar, a Jerusalém debaixo, que está em escravidão com seus filhos”. Deus revela, por meio das palavras de Paulo, que a Jerusalém debaixo é como Agar e é representada pela primeira aliança. Todos que são participantes dessa aliança são representados como moradores dessa Jerusalém terrena e são considerados filhos da escrava, portanto, não são israelitas, mas ismaelitas. Assim como Ismael, mesmo sendo o primogênito, não foi contado como filho de Abraão, da mesma forma, aqueles que têm a carne de Abraão não são considerados seus filhos, mas são apenas carne. Portanto, o que está escrito se cumpre em:
Epístola de Paulo aos Romanos 9:6-7: “E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.”
Todas as promessas foram feitas para Israel, logo, muitos poderiam entender que se eles não aceitassem o Filho, a palavra de Deus teria falhado, pois como poderia Israel não aceitar o Filho de Deus, que é a plenitude da palavra de Deus? O que está escrito acima é: "porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas", e também diz: nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: "Em Isaque será chamada a tua descendência." Com efeito, Paulo está dizendo que nem todos que carregam o nome de Israel são, de fato, Israel, mas apenas aqueles que são como Isaque são seus descendentes, porque nós, que nascemos segundo o Espírito, somos como Isaque. Paulo também diz: "Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque, contudo aqueles são como Ismael, servos, e para esses está escrito: 'Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.'". Logo, não há herança para a carne. Assim a palavra de Deus não falhou porque não falava dos da carne, mas se cumpriria dos nascidos no Espírito.
Infelizmente, alguns irmãos estão afirmando que haverá herança para os da carne e herança para os da promessa. No entanto, como vimos acima, isso não tem base na Escritura, porque sobre os filhos de Abraão foi testemunhado:
O Primeiro Livro de Moisés chamado Gênesis 25:5-6: "Abraão deu tudo o que possuía a Isaque. Porém, aos filhos das concubinas que tinha, deu presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra oriental."
Apenas Isaque recebeu tudo de Abraão, mas os filhos das concubinas foram separados e enviados para o oriente, dando origem aos Árabes. Portanto, aqui vemos que os outros não recebem heranças, apenas presentes. Quando se fala de herança, fala-se daquilo que Deus prometeu a Abraão e também a seus descendentes, mas não àqueles que vieram por meio da primeira aliança, pois o Espírito revelou dizendo:
Epístola de Paulo aos Romanos 4:13-15: "Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão."
Quando ele menciona a Lei aqui, está tratando da Aliança estabelecida no monte Sinai, que, no livro de Gálatas, será chamada Agar, a serva que daria à luz servos, ou seja, aqueles que, pela carne, são chamados Israel, mas, de forma espiritual, são ismaelitas. Portanto, não se cumprirá com os da Lei, isto é, aqueles que nasceram e vivem na Aliança e na Jerusalém terrena, eles não são os herdeiros, porque aqueles que nascem pela fé e no Espírito são identificados como os verdadeiros herdeiros de Abraão:
Epístola de Paulo aos Gálatas 3:29: "E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa."
Para a carne, não existe promessa de herança, mas diz o seguinte:
Epístola de Paulo aos Gálatas 4:30: "Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre."
Podemos entender aqui que a escrava que hoje está na terra da herança será removida para dar lugar àqueles que realmente são os herdeiros. Do mesmo modo que os da carne perseguiram os herdeiros, hoje aqueles que se dizem herdeiros perseguem aqueles que nasceram segundo o Espírito. O profeta Ezequiel nos revela quando isso ocorrerá, quando aqueles que hoje estão na posse da herança serão removidos para dar lugar àqueles que são, de fato, os herdeiros:
Ezequiel 46:16-17: "Assim diz o SENHOR Deus: Quando o príncipe der um presente de sua herança a alguns de seus filhos, pertencerá a estes; será posse deles por herança. Mas, se ele der um presente da sua herança a alguns de seus servos, será deles apenas até o ano da liberdade; então, retornará para o príncipe, pois somente a seus filhos, pertencerá a herança."
Assim, este príncipe, que, segundo Ezequiel, é chamado de Davi, mas que sabemos ser o Cristo, quando der herança para seus filhos, ou seja, a posse da terra, esta herança será eterna. No entanto, quando o príncipe der presentes, como Abraão fez com seus filhos das concubinas, mas no contexto vemos que os presentes se tratam-se da terra, no ano da liberdade, esses presentes, ou seja, a posse temporária da terra, será retirada dos servos e entregue aos verdadeiros herdeiros. Portanto, aqui temos a revelação de que hoje, aqueles que são servos, quando na libertação, ou seja, na ressurreição dos herdeiros, sairão da terra para dar lugar aos herdeiros, aqueles que, pelo Espírito. Porque esses, assim como os filhos que não são herdeiros de Abraão, serão enviados para o oriente, mas não permanecerão em Canaã. Não Haverá Herança para o Israel da Carne!