Não Haverá Herança para o Israel da Carne
- Israel Fontoura
- 13 de out. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 9 de mar.
Com o movimento dispensacionalista, passou a difundir-se uma dicotomia entre povos, no sentido de dizer que Israel é uma coisa e a igreja é outra, diferentemente do que ensinaram os primeiros cristãos, discípulos dos apóstolos e outros cristãos reformados. No entanto, a realidade é que isso não faz sentido, visto que a Bíblia trata o povo de Deus como Israel. Obviamente, poderíamos fazer uma dissertação sobre o assunto aqui, mas seria necessário muito tempo para compreendê-lo com mais clareza. Deixo aqui, através deste link, doze aulas que gravei sobre o tema "O Israel de Deus," com aproximadamente oito horas de duração: https://www.canalreinodedeus.com/series
Infelizmente, falta-me tempo para explorar todo o conhecimento fundamental que esclareceria o discernimento sobre o "Israel de Deus". Apesar disso, podemos, por meio de textos mais diretos e sintetizados pelos apóstolos, chegar às mesmas conclusões que alcançaríamos lendo toda a Escritura. Deus alargou o entendimento dos apóstolos para que pudessem fundamentar aquilo que estava oculto nas eras anteriores à difusão do Espírito. Devo dizer que preparei um estudo sobre isso no seguinte link:
Para quem acompanha meus estudos, ficará fácil entender a relação entre o "Israel de Deus", as Duas Casas de Israel e o Mistério de Deus. Ora, aos homens estava oculto o entendimento de que os gentios tornar-se-iam Israel quando enxertados por meio do sangue e do corpo de Cristo, revelação feita por meio do patriarca Jacó e inspirada pelo Espírito quando ele abençoou os filhos de José, Efraim e Manassés. Manassés era o primogênito, mas quem recebeu a bênção do direito da primogenitura foi Efraim. De maneira semelhante, não foi Ismael quem recebeu a herança, mas Isaque foi considerado o primogênito. Aqui está o mistério que os homens não podiam entender sem o Espírito, visto que esses personagens representam os povos que saíram de Abraão. Aqueles que não eram os primeiros tornar-se-iam os primeiros, enquanto os primeiros decairiam à servidão.
Paulo, de forma clara e inspirado pelo Espírito Santo, resumiu isso quando escreveu:
(Epístola de Paulo aos Romanos 9:6-13) "E não pensem que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, esses filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência, os filhos da promessa. Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú."
Paulo aqui não estava interessado em falar dos personagens em si, mas em ensinar-nos que nestes homens Deus falava coisas grandiosas que, antecipadamente, já testemunhavam o que ocorreria no decorrer das eras. Aqueles que tinham o direito de primogenitura profanaram e perderam aquilo a que teriam direito, porque aqueles que não eram os primeiros passaram a ser os herdeiros. Deus quis mostrar que não seria por meio do primeiro Adão que ocorreria a posse da herança, mas pelo Adão que viria por último, o Cristo. Ora, todos nós somos participantes do novo Adão, aquele que veio por último, mas tomou a herança e o direito de primogenitura que o primeiro Adão profanou, da mesma forma que Esaú profanou sua primogenitura e a trocou por carne ao vender seu direito a Jacó, desmerecendo aquilo que era a herança.
No texto acima, podemos ver que é dito que nem todos de Israel são, de fato, israelitas. Pois em Isaque será chamada a tua descendência. O que ele está dizendo é que aqueles que hoje se chamam de Israel têm o sangue de Abraão e vivem na terra dada a Abraão, mas, mesmo tendo o nome de Israel, na verdade, não são verdadeiros israelitas. O verdadeiro Israel deve ser como Isaque, porque Isaque nasceu segundo a fé, segundo a herança e por meio da Palavra.
(Epístola de Paulo aos Gálatas 4:21-26, 28, 30) "Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; ... Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. ... Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre."
Quando Paulo usa a alegoria dos personagens acima, tinha em mente demonstrar que eles representavam aqueles que seriam procedentes das duas alianças. Tanto Ismael quanto Esaú eram descendentes de Abraão; no entanto, eram apenas carne. Tinham o sangue, a carne, o nome, mas não puderam herdar. E ainda é dito sobre Esaú:
O Primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis 25:23: "Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais novo."
Essas duas nações são os filhos que nasceriam de cada Jerusalém, a de baixo e a de cima, procedentes das duas alianças, porque a Jerusalém de baixo deu à luz filhos da carne. Como Paulo diz acima, ela e seus filhos são como Agar e Ismael, servos. Também é dito sobre Esaú que o maior servirá ao menor, ou seja, Esaú servirá a Jacó. Portanto, Ismael e Esaú representam as mesmas coisas: aqueles que nasceriam segundo a primeira aliança e seriam servos. Do mesmo modo que Esaú rejeitou e profanou sua primogenitura, os israelitas segundo a carne negaram e rejeitaram o Cristo, preferindo ficar sob a primeira aliança, que é carne. Nós, que viemos depois, todos os que cremos, como o próprio Paulo confirma, somos como Isaque:
Epístola de Paulo aos Gálatas 4:28-29: "Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora."
Isaque nasceu de forma miraculosa, foi chamado filho de Abraão, e quando foi oferecido sobre o altar, Deus disse ao seu pai: "Toma teu filho, teu único filho, e vai para a terra de Moriá". Deus diz que apenas Isaque era seu único filho, embora saibamos que Ismael já havia nascido. Logo, Deus nos mostrava que o herdeiro considerado por Deus era apenas Isaque, não Ismael. Assim, o que está escrito se cumprirá:
"Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. ... Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre."
Nós, que fomos gerados pelo Espírito, somos como aquele gerado em Sara, pois não nascemos de forma natural, mas de forma miraculosa, não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Aqueles que hoje se chamam de Israel têm o sangue de Abraão, vivem na terra de Abraão, os judeus, e estão sob a Lei, como o texto diz:
"Dizei-me vós, os que desejais estar sob a lei: acaso não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da mulher livre. Mas o filho da mulher escrava nasceu segundo a carne; o da mulher livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque essas mulheres representam duas alianças; uma, na verdade, refere-se ao monte Sinai, que gera para a escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos."
Os filhos de Abraão segundo a carne estão sob a primeira aliança, e o texto diz: "Esta é Agar, a Jerusalém debaixo, que está em escravidão com seus filhos". Deus revela, por meio das palavras de Paulo, que a Jerusalém debaixo é como Agar e é representada pela primeira aliança. Todos que são participantes dessa aliança são representados como moradores dessa Jerusalém terrena e são considerados filhos da escrava, portanto, não são israelitas, mas ismaelitas. Assim como Ismael, mesmo sendo o primogênito, não foi contado como filho de Abraão, da mesma forma, aqueles que têm a carne de Abraão não são considerados seus filhos, mas são apenas carne.
Epístola de Paulo aos Romanos 9:6-7: "E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência."
Infelizmente, alguns irmãos estão afirmando que haverá herança para os da carne e herança para os da promessa. No entanto, como vimos acima, isso não tem base na Escritura.
O Primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis 25:5-6: "Abraão deu tudo o que possuía a Isaque. Porém, aos filhos das concubinas que tinha, deu presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra oriental."
Apenas Isaque recebeu tudo de Abraão, mas os filhos das concubinas foram separados e enviados para o oriente, dando origem aos árabes. Portanto, aqui vemos que os outros não recebem heranças, apenas presentes.
Epístola de Paulo aos Gálatas 3:29: "E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa."
Não haverá herança para o Israel da carne!
Obrigada pelo rico estudo!