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A Verdade Sobre A Morte e o Mundo dos Mortos - Parte 1

Atualizado: 12 de jun. de 2024

Introdução








Por - Israel Fontoura (israel.leaes@gmail.com)


Neste estudo, compreenderemos de forma mais abrangente, porém didática e objetiva, o contexto da morte, alguns termos específicos também a relação do diabo com a morte. Devo lembrar que este texto será para o site www.canalreinodedeus.com. Juntamente com o texto, teremos uma apostila complementar para estudos, além de um vídeo explicativo no canal do Youtube. Acesse o link para conhecer e se inscrever no canal - www.youtube.com/@canalreinodedeus.


O Pó, a Morte e o Diabo


Um dos assuntos mais complexos das escrituras, certamente, é o entendimento sobre a morte. Evidentemente, neste texto, não resolveremos o assunto, pois há muito tempo vem sendo debatido por inúmeros teólogos e estudiosos da Bíblia, e cada um tem uma concepção diferente dos outros. Neste artigo, procurarei demonstrar por meio da Escritura o quão importante é entendermos a morte e suas relações proféticas, pois todos nós algum dia passaremos por ela.


Muitas interpretações foram difundidas sobre este assunto e alguns grupos costumam dizer, por exemplo, que depois da morte estaremos debaixo de um sono profundo até o tempo da ressurreição, e que não há consciência após a morte, nem mesmo qualquer tipo de consciência. Para isso, utilizam alguns textos de Provérbios, Eclesiastes e outros. Vejamos o seguinte texto:


Eclesiastes 9:5-6 "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa alguma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol."


O texto é claro em dizer que os vivos sabem das coisas que se passarão, porém os mortos nada sabem, nem mesmo têm sentimentos. Não há nada que eles possam saber que ocorre debaixo dos céus. Aparentemente, o texto diz que de fato não há consciência na morte, mas, em contraponto, temos outros textos, em especial uma história alegórica descrita em Lucas que diz:


Lucas 16:19-31 "Ora, havia um certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui ele está consolado, e tu em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos."


Neste texto, temos um contraste em relação ao primeiro. No primeiro, a morte é apresentada como um momento de inconsciência; por outro lado, no segundo, temos uma história que relata um homem rico que ostentava e esbanjava seus bens a ponto de as migalhas que caíam de sua mesa alimentarem um mendigo chamado Lázaro. Este mendigo, desejando alimentar-se, humilhava-se diante do homem rico para poder garantir seu sustento. No momento da morte, os dois foram levados para lugares opostos: um para um lugar de gozo e consolação, e o outro para um lugar de tormento. Poderiam essas situações contradizer-se? Obviamente, não!


O primeiro texto não aborda o estado de consciência do indivíduo após a morte. Em vez disso, aborda o fato de que a pessoa cairá no esquecimento, não em relação a si mesma, mas em relação aos outros. A memória da pessoa será esquecida por aqueles que conviveram com ela, e seu nome será esquecido. Ela se tornará apenas mais uma entre as que morreram e caíram no esquecimento. A pessoa agora reduzida a pó, o homem, a carne, não pode mais expressar ódio ou amor entre os vivos, pois seu corpo pereceu.


O texto mostra: “nem tampouco terão eles recompensa”. Sabemos que Deus recompensará todos os homens, bons e maus. Paulo afirma isso quando escreve:


Romanos 2:3-8 "E tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes o mesmo, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, acumulas ira sobre ti mesmo para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um conforme suas obras: vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade; mas indignação e ira aos que são egoístas e desobedecem à verdade, mas obedecem à injustiça."


Todos os que morreram serão recompensados: alguns com a vida eterna, outros com a morte eterna.


Daniel 12:2 "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno."


Aqui está a recompensa dos mortos: os justos para a vida eterna e os ímpios para a vergonha e horror eterno. Portanto, quando ele diz que para eles não há recompensa, significa que aqueles que estão no pó neste momento já não podem mais receber nada diante dos homens, pois já não produzem mais obras, visto que a recompensa que receberam é a primeira morte, e na primeira vida nada mais se poderá fazer. Assim, podemos concluir que o texto de Eclesiastes não está anulando os ensinamentos de Jesus, mas sim mostrando o contexto e o estado do corpo. Jesus, por outro lado, trata do estado pós-morte, do espírito e da alma.


O foco do estudo não é comprovar a consciência ou não após a morte. Apesar disso, eu me comprometerei a abordar o assunto no sentido de que existe sim consciência. Ainda assim, quero pedir a você que não crê na consciência pós-morte, e crê no chamado "sono da alma", que permaneça até o final do estudo. Certamente, você poderá compreender muitos aspectos sobre a morte.


O Nascimento da Morte


Para entendermos corretamente a morte, será necessário voltarmos à raiz de toda a construção da morte. Deus nos diz:


Gênesis 2:16-17: "E o SENHOR Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá."


Aqui está a raiz de todo o problema da morte para o homem: a transgressão. No entanto, a transgressão é fruto da obstinação do homem, como Tiago alerta:


Tiago 1:15: "Então, a cobiça, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, consumado, gera a morte."


Eva cobiçou o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e deu à luz o pecado. Porém, uma vez consumado, o pecado gerou a morte em todos os homens. A raça humana caiu, mas a vida foi gerada em nós através de Cristo, para que todos aqueles que, segundo o Adão terreno, estavam sob o poder da morte pudessem herdar. Paulo confirma isso quando diz:


Romanos 5:17-19: "Se, pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio dele, quanto mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e da promoção da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Consequentemente, assim como um único pecado resultou na condenação de todos os homens, assim também um único ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Pois, assim como pela desobediência de um homem muitos foram feitos pecadores, assim também pela obediência de um único homem muitos serão feitos justos."


Por meio de Adão, o mundo ficou submerso no pecado e na escravidão, a tal ponto que todos os homens ficaram sob condenação e julgamento de Deus. O pecado tornou-se como um vírus que contaminou toda a raça humana; portanto, todos nós fomos condenados à morte. O pecado deve ser entendido como a transgressão da Lei de Deus, pois Deus disse a Adão: "Não comerás". No entanto, por causa de Eva, Adão desobedeceu a Deus e contaminou todo o gênero humano. Deus havia dado uma ordem, um mandamento, mas ele não deu ouvidos à voz do Senhor, quebrando o mandamento. Ora, todos nós quebramos as Leis de Deus, mas hoje somos justificados. Antes da nossa conversão, éramos dominados pelo pecado, tínhamos prazer em cumprir os desejos da carne, a lei do pecado habitava em nossas mentes e o resultado final disso sabemos que é a morte.**


Paulo diz que o pecado habita em nossos membros, em nossa carne, e que esta tem prazer em cumprir seus desejos. Portanto, todos os que vivem no pecado alimentam constantemente seu pecado, e quem está na carne nunca poderá agradar a Deus. O resultado final disso será a morte, mas não a primeira morte, pois todos, exceto alguns, passarão pela morte. Estou me referindo à segunda morte, como diz:


Romanos 6:20-21: "Quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? O fim delas é a morte."


Todos aqueles que vivem sob a escravidão do pecado receberão o seu pagamento, que é a morte:


Romanos 6:22-23: "Agora, porém, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação e, por fim, a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor."


Antes da nossa conversão, éramos escravos do pecado. Este era como o nosso senhor, mas, no final, ele pagava tudo o que merecíamos, ou seja, a morte. O pecado aqui e a morte são expressões que se referem ao diabo, pois todos os que vivem na carne servem ao diabo através da obediência à lei do pecado:


Romanos 7:22-23 "Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros."


Quando éramos pecadores, nossa mente era serva da lei do pecado e também os nossos membros. No entanto, após a nossa libertação, salvação e santificação, a nossa mente foi liberta dessa lei do pecado e deu lugar à Lei de Deus, para que aquilo que é dito em Jeremias se cumprisse:


Jeremias 31:33: "Porque esta é a aliança que firmarei (...): Na mente, imprimirei as minhas leis, também no coração as inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo."


E o próprio Paulo confirma isso, dizendo:


2 Coríntios 3:2-3: "Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em corações."


Hoje, os nossos membros, a nossa carne, ainda permanecem escravos do pecado. No entanto, o homem interior, que está oculto e envolto em uma carapaça de carne, está liberto dessa lei que nos escravizava e tem prazer na liberdade da Lei de Deus, que está escrita em seu coração. Todos nós ainda morremos porque há pecado em nossa carne, e esta carne se tornará pó. Segundo a Escritura, é dito:


Gênesis 3:14: "Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que fizeste isso, maldita serás entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida."


Aqui, Deus fala da morte, pois também sobre a morte do homem é dito:


Gênesis 3:19 "No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás."


O texto aqui mostra que o homem, quando morresse, seria como o pó, pois do pó da terra foi criado. Porém, a serpente se alimentaria do pó; logo, este pó fala do homem que morreria, e a serpente abriria sua boca e consumiria o pó da morte do homem. Obviamente, isso é linguagem figurada; o Diabo não come o homem. No entanto, podemos entender que assim como a serpente caça animais para se alimentar, também a serpente caçaria homens para conduzi-los até a morte. O mais importante sobre o pó pode ser compreendido através do hebraico, que aponta três coisas: olhos, boca e cabeça, pois no hebraico, a palavra pó é escrita da seguinte forma: עפר – aphar.


Esta palavra é formada por três letras importantes no hebraico: o “aim”, o “peh” e o “rosh”, que respectivamente significam: olho, boca e cabeça.


1. עין ̀- ayin – olho;

2. פה – peh – boca;

3. ראש - ro’sh – cabeça.


Através destes textos e desta palavra, podemos chegar a uma conclusão: é dito que o homem é pó. Portanto, isso fala da formação do homem através dos olhos, da boca e da cabeça, ou seja, a mente. Deus antecipadamente já estava mostrando que a serpente influenciaria o homem através das tentações dos olhos, que podemos chamar de concupiscência dos olhos; através da boca, ao proferir palavras soberbas contra Deus, a soberba da vida; e por último, a mente, o mais profundo do homem, onde todo o acúmulo de maldade e impurezas estão, e aqui se encontra a concupiscência da carne.


Efésios 2:1-3 “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais."


Paulo diz que o diabo, o príncipe das potestades dos ares, aquele que atua sobre os filhos da desobediência, influencia através da inclinação da carne, mas na verdade esta carne forma o Adão terreno, composto por olhos, boca e mente corruptos, e cumpre a vontade do diabo através da influência espiritual que ele exerce sobre o homem. Anteriormente, eu disse que o diabo se alimenta do pó. No entanto, aqui, como demonstrei, pó representa as faculdades e intelecto do homem e, por fim, a própria morte.


O objetivo dos animais é, precisamente, a alimentação e, se necessário, matarão para obterem o seu sustento. Isso é confirmado quando diz:


Primeira Epístola de Pedro 5:8: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar."


Como já mencionei, "devorar" não significa que o diabo queira literalmente comer os indivíduos, mas sim apossar-se de suas vidas, tornando-os seus servos e, por fim, matando-os.


O Mundo dos Mortos: Sheol para os Judeus e Hades para os Gregos


Eu poderia descrever a morte como um cão, pois a própria Bíblia chama os cães de animais vorazes que nunca se saciam. Da mesma forma, a morte age, sempre ansiando por mais vidas; sua fome é insaciável, e todos os que morreram estão agora presos em seu domínio. No entanto, como está dito: "As portas do inferno não prevalecerão contra a minha igreja." Jesus, nosso Senhor, não está se referindo aqui aos demônios que não podem invadir a igreja, ou mesmo às forças malignas que não podem atacar a igreja. Ele está profetizando que as portas da morte não serão capazes de conter dentro do Sheol, ou Hades em grego, o povo escolhido que, naquele dia, ressuscitará. As portas da morte e do inferno se abrirão, assim como essas mesmas portas da morte não puderam conquistar o Filho de Deus e as portas do inferno se abriram para ele. O mesmo ocorrerá com a igreja amada de Deus: as portas da morte darão à luz aqueles que estavam aprisionados dentro dela, cumprindo assim:


Isaías 26:19 "Os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Despertai e cantai, os que habitam no pó, porque o teu orvalho, ó Senhor, será como o orvalho das ervas, e a terra trará à luz os seus mortos."


Conforme já discutido, "devorar" não significa que o diabo queira literalmente comer as pessoas. No entanto, essa metáfora ilustra o interesse do diabo na morte dos seres humanos. Através do pecado dos homens, ele obtém mais servos e mais poder. A verdade é que a morte abrange várias facetas, as quais tentaremos compreender ao longo deste estudo. É importante frisar que a mentira, o pecado e a morte são obras do diabo, mas por meio da obra de Cristo, todas essas obras do diabo estão sendo desfeitas.


Conforme já exploramos no início deste estudo, o termo hebraico para o local dos mortos é "Sheol," e o equivalente grego é "Hades." Essas duas palavras são reveladoras e acrescentam grande entendimento ao nosso conhecimento sobre a morte e o mundo dos mortos. Deus escolheu essas palavras para revelar o que acontece no mundo dos mortos e também o estado desses indivíduos. Vamos analisar primeiramente a palavra "Sheol" em algumas passagens em que ela aparece, bem como a forma como é traduzida:



1) Inferno


Deuteronômio 32:22

"Porque um fogo se acendeu no meu furor e arderá até ao mais profundo do inferno (Sheol), consumirá a terra e suas messes e abrasará os fundamentos dos montes."


2) Sepultura


Gênesis 37:35 "Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado e disse: Chorando, descerei a meu filho até à sepultura (Sheol). E de fato o chorou seu pai."


3) Abismo


Números 16:29-30 "Se morrerem estes como todos os homens morrem e se forem visitados por qualquer castigo como se dá com todos os homens, então, não sou enviado do SENHOR. Mas, se o SENHOR criar alguma coisa inaudita, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo (Sheol), então, conhecereis que estes homens desprezaram o SENHOR."


4) Morte


Jó 17:16 "Ela descerá até às portas da morte (Sheol), quando juntamente no pó teremos descanso."


5) Além


Jó 26:5-7 "A alma dos mortos tremem debaixo das águas com seus habitantes. O além (Sheol) está desnudo perante ele, e não há coberta para o abismo. Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada."


Por meio destes textos, é possível compreender as variações das traduções do termo Sheol. Entre elas estão: inferno, sepultura, abismo, morte e além. Obviamente, existem outras traduções possíveis para este termo hebraico, mas irei me limitar a estas. De acordo com o dicionário, temos as seguintes definições:


שְׁאוֹל (Sheol) - Derivado da raiz: שָׁאַל (Shaal) H7592;

Significados: mundo inferior (dos mortos), sepultura, inferno, cova, referindo-se ao lugar de exílio.


Essencialmente, os termos acima representam definições e significados possíveis de acordo com a compreensão bíblica. Essa palavra é derivada da seguinte raiz:


שָׁאַל (Shaal) - Uma raiz primitiva;

Significados: perguntar, inquirir, pedir emprestado, pedir esmola, indagar, inquirir, pedir esmolas, praticar a mendicância, exigir.


Através dessas definições, podemos compreender que "Sheol" é a habitação dos mortos. No entanto, não é possível fornecer muitas outras definições sobre como é esse lugar, já que a própria Bíblia não oferece mais descrições a respeito. O único exemplo mais detalhado é a parábola do rico e Lázaro. É importante ressaltar que muitas informações adicionais podem ser encontradas nas tradições literárias apócrifas judaicas, mas não vamos explorar isso agora. O ponto que quero enfatizar é que, quando morrem, todos os seres humanos ficarão ocultos nesse local, ou seja, sua parte espiritual. No entanto, há um grande mistério envolvendo o termo "Sheol," pois ele contém a raiz hebraica "Shaal," que pode significar alguém que pergunta, pede, solicita ou pede esmola. Vamos analisar algumas passagens onde essa raiz aparece:


Salmos 109:10: "Andem errantes os seus filhos e mendiguem (Shaal); e sejam expulsos das ruínas de suas casas."


Salmos 78:18: "Tentaram a Deus no seu coração, pedindo (Shaal) alimento que lhes fosse do gosto."


Eclesiastes 2:10: "Tudo quanto desejaram (Shaal) os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas."


Obviamente, não poderei apresentar todas as definições para a raiz “shaal” aqui, mas selecionei algumas importantes, como mendigar, pedir e desejar. Certamente, encontraremos mais definições semelhantes a estas, mas não é necessário listar todas elas. Deus incluiu a raiz “shaal” dentro da palavra “sheol” para que pudéssemos entender a natureza do receptáculo dos mortos. Portanto, podemos compreender que o “sheol” tem desejo, pede e mendiga. Isso será explicado a seguir, após entendermos a definição grega do termo “sheol”.


O termo utilizado pelos escritores do Novo Testamento para se referirem ao mundo dos mortos é a palavra grega “Hades”. Na mitologia grega, Hades era o deus do mundo inferior e dos mortos, equivalente ao deus romano Plutão. Seu nome era frequentemente usado para se referir tanto ao deus quanto ao reino que ele governava, localizado nos subterrâneos da Terra. Os escritores antigos não concordavam quanto à localização do mundo inferior; enquanto alguns o situavam abaixo da superfície terrestre, outros o colocavam a oeste, no meio do Oceano. A entrada para o Hades também era objeto de controvérsia, sendo associada a algum ponto sombrio e assustador.


Podemos observar que os escritores do Novo Testamento, inspirados pelo Espírito Santo, escolheram a mesma expressão para descrever o local e a habitação dos mortos. Eles, claramente, conheciam a definição dessa palavra. Portanto, essa palavra foi escolhida por Deus para que as pessoas, tanto no mundo antigo quanto no atual, compreendessem a realidade do mundo dos mortos.


A grande realidade é que os antigos gregos usaram o termo “Hades” para designar o local dos mortos, porque essa ideia já era conhecida pelos seres humanos e descrita nas escrituras como “Sheol”. Os gregos adaptaram essa ideia, assim como outras culturas fizeram com o dilúvio e com a história da Torre de Babel. Eles incorporaram elementos e nomes equivalentes à sua cultura. De alguma forma, os gregos tiveram acesso à realidade do mundo dos mortos. Há relatos, por exemplo, de pessoas que experimentaram quase a morte e tiveram vislumbres desse local, o que contribuiu para a criação de uma mitologia em torno desse tema.


No entanto, é notável que o Espírito Santo optou por usar o termo “Hades” para se referir ao mundo dos mortos. Sempre que essa expressão era usada durante a pregação do evangelho, as pessoas em diversas partes do Império Romano a associavam às histórias que já haviam ouvido sobre esse mundo inferior. Para aqueles que falavam latim, a palavra equivalente seria “inferno”, que se refere às “regiões inferiores”. Portanto, é importante analisarmos onde essa expressão aparece na Bíblia:


Local de tormento:


Lucas 16:22-23: "Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno (Hades), estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio."


Local que é trancado com portas:


Mateus 16:18: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno (Hades) não prevalecerão contra ela."


Local onde a alma está:


Atos dos Apóstolos 2:27: "porque não deixarás a minha alma na morte (Hades), nem permitirás que o teu Santo veja corrupção."


Descrita como tendo ferrão:


Primeira Coríntios 15:55: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte (Hades), o teu aguilhão?"


Acima, apresentamos algumas definições da palavra "Hades", que algumas vezes é traduzida como inferno ou morte. No entanto, ela é descrita como tendo portas e ferrões, e como sendo um local de tormento para aqueles que morreram longe de Deus. Portanto, temos aqui mais algumas revelações sobre o estado dos mortos. Deus não quis fornecer muitas revelações no Antigo Testamento, deixando o entendimento da morte mais oculto e implícito.


Dentro da literatura judaica e apócrifa, é possível obter um vislumbre de como a morte era entendida pela mentalidade judaica. Vejamos alguns trechos:


1 Enoque 102:5: "Mas não tem sido mostrado a eles que, quando suas almas descerem ao tesouro dos mortos, suas más obras se tornarão seu grande tormento? Em escuridão, em armadilha e em chama que queimará até o grande julgamento, seus espíritos entrarão; e o grande julgamento tomará efeito para sempre e sempre."


1 Enoque 108:3-4: "Então eu perguntei a um santo anjo que estava comigo e disse: o que é esse esplêndido objeto? Pois não é céu, mas apenas uma chama de fogo que queima; e nela há clamores de ai e grande sofrimento. Ele disse: Ali, àquele lugar que tu viste, serão confiados os espíritos dos pecadores e blasfemadores; daqueles que praticam o mal e perverterão tudo o que Elohim disse pela boca dos profetas; tudo o que eles deviam fazer."


1 Enoque 22:1-4: "De lá, fui a outro lugar, e ele me mostrou a oeste uma alta montanha de rocha sólida. E havia nela quatro vales, profundos e extensos, e muito lisos. Quão planos eram os vales, profundos e escuros de se ver! E Rafael, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e disse: 'Estes vales foram criados para este propósito: para que os espíritos das almas dos mortos neles se ajuntem, sim, para que todas as almas dos filhos dos homens se ajuntem aqui. E eis que estas são o lugar de suas habitações; elas foram feitas desta forma até o dia do seu julgamento e até o tempo do fim do grande julgamento, que será feito contra eles.'"


Livro dos Jubileus 7:29: "Não será poupado nenhum homem que comeu sangue ou derramou sangue humano sobre a terra. Nenhuma descendência viva sob o céu será poupada a ele. Pois para o Inferno [Sheol, o Submundo] eles devem ir, e para o lugar da condenação eles devem descer. Eles estarão nas trevas das profundezas, todos removidos por uma morte violenta."


Livro dos Jubileus 22.22: "Assim como os filhos de Sodoma foram tirados da terra, todos os adoradores de ídolos também serão tirados. E para todos os adoradores de ídolos e do profano, não haverá esperança na terra dos viventes. Eles não serão lembrados sobre a terra, pois descerão ao Sheol [Inferno], e irão para o lugar da condenação."


Livro da Revelação de Abraão 31:3-6: "Entregarei aqueles que zombaram de mim ao desprezo na Era vindoura. Pois os preparei para serem alimento para o fogo do Inferno e para serem fugitivos incessantes no ar do mundo inferior, nas profundezas mais profundas. Eles serão o conteúdo de uma barriga de verme astuto chamado Azazel, e serão queimados pelo fogo da língua de Azazel."


Certamente, poderíamos citar muitos outros textos, mas o tempo não nos permite fazê-lo agora. Teremos outras oportunidades para citar mais textos das tradições judaicas, cristãs e talvez até textos pagãos. No entanto, os textos acima demonstram que sempre existiu a consciência de uma vida após a morte e que a ideia de um sono da alma não era o único entendimento entre os judeus, embora algumas vertentes judaicas concordassem, mas não no caso acima. Continua na parte 2

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2 Comments


Amém meu irmão muito boa essa palavra ela tem nos fortalecido,e nós acrescentando o conhecimento das escrituras, Deus abençoe você.


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Nando Batista
Nando Batista
Aug 11, 2023

Paz irmão, primeiro parabéns pelos vídeos, muito me tem ajudado, que Deus continue abençoando sua vida. Quanto ao tema, o rico e Lázaro seria então um fato e não uma parábola?

Se ao morrermos nossa alma já está no céu consciente, fala, sente e tudo mais, conforme a parábola, então qual a necessidade da ressurreição?

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